São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
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Khatami tenta conquistar conservadores

Eleito ora no mausoléu de Khomeini

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente-eleito do Irã, Mohammad Khatami, visitou ontem o mausoléu do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da revolução que instalou no país um governo islâmico, há 18 anos.
Numa tentativa de conquistar os conservadores que apoiavam o presidente do Parlamento, Ali Akbar Nateq-Nouri, candidato derrotado na eleição de sexta-feira, Khatami foi a Behesht-e Zahra, a sul da capital iraniana, Teerã, para orar no mausoléu.
Acompanhado por um neto de Khomeini, Hassan, Khatami renovou diante do túmulo seus votos de fidelidade às idéias do falecido aiatolá, informou a televisão estatal iraniana.
A grande vitória de Khatami já no primeiro turno -dois votos em cada três- não foi prevista por ninguém. Analistas iranianos e diplomatas ocidentais esperavam uma disputa apertada entre os dois principais candidatos.
Essa vitória pode representar a maior reviravolta política ocorrida no Irã desde a revolução islâmica.
Credenciais islâmicas
Desde que o resultado da eleição foi anunciado, anteontem, Khatami tem tomado o cuidado de reforçar suas credenciais islâmicas.
Ele é um clérigo xiita, mas tem uma visão muito mais moderada do que a de Nateq-Nouri sobre como as leis islâmicas devem ser aplicadas.
Aparentemente, esse foi um fator importante da sua vitória eleitoral. O presidente eleito é um intelectual, lembrado como um político tolerante durante o tempo em que foi ministro da Cultura, na maior parte da década de 80.
Falando pela televisão no domingo, na primeira mensagem ao país depois de anunciada a vitória eleitoral, Khatami disse que esse é o começo de uma nova época "na brilhante história da República Islâmica".
Khatami, 54, deve assumir a presidência do Irã em agosto, quando o presidente Akbar Hashemi Rafsanjani completa dois mandatos consecutivos de quatro anos e é obrigado, por lei, a deixar o cargo.
Honras militares
Em Behesht-e Zahra estão enterrados Khomeini, o filho dele, e os mortos na revolução islâmica e na guerra contra o Iraque (1980-1988).
Durante a visita ao mausoléu, um domo dourado, Khatami foi saudado por uma guarda de honra, e uma banda militar tocou o hino nacional.
O presidente eleito pôs uma coroa de flores no túmulo de Khomeini e orou.
Khatami usa um turbante preto -o mais comum é o branco- e recebe o tratamento honorífico de seyyed, dois sinais de que acredita ser descendente do profeta Maomé, o fundador do islamismo.
Filho de aiatolá, na década de 60 Khatami estudou teologia na cidade santa muçulmana de Qom, onde se juntou ao movimento de Khomeini contra o regime pró-Estados Unidos do xá Rehza Pahlevi.

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