São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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Auditoria no Incra descobre desapropriações irregulares

Em Tocantins há 78 operações superfaturadas

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Auditoria iniciada há dois meses no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) constatou "falcatruas" na desapropriação de imóveis em Tocantins, no Rio de Janeiro e na sede do órgão em Brasília.
O ex-presidente do Incra Nestor Fetter disse ontem à Folha que a criação da auditoria estava enfrentando resistências dentro do órgão. Mas negou que sua demissão esteja relacionada com a auditoria.
Segundo ele, a falta de controle no Incra pode ter levado o presidente Fernando Henrique Cardoso a assinar desapropriações superfaturadas. Em Barra Mansa (RJ), um imóvel imprestável à reforma agrária foi desapropriado no final de 96 por R$ 1,875 milhão.
Mas, na avaliação de Fetter, "a falcatrua mais deslavada" foi constatada na agência bancária que funciona no 14º andar da sede do órgão em Brasília, onde um funcionário recebeu depósito de R$ 150 mil relativos à venda fraudulenta de terras.
"Receber depósitos de falcatruas na própria sede do órgão é um absurdo. Isso mostra que não havia controle nenhum no órgão."
Tocantins
Em Tocantins, a auditoria constatou 78 desapropriações superfaturadas. Em 38 casos, o superfaturamento aumentou os preços dos imóveis entre 200% e 300% acima dos valores do mercado.
A Folha apurou que a maioria dessas desapropriações foi agilizada por pressão de deputados federais do Tocantins. Fetter não quis comentar essas informações, mas revelou que a direção estadual do Incra foi exonerada.

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