São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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FHC propõe a recondução de Brindeiro

Senado precisa aprovar

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso enviou ontem mensagem ao Senado propondo a recondução de Geraldo Brindeiro ao cargo de procurador-geral da República por mais dois anos.
Brindeiro é acusado de segurar ações contra o governo e seus aliados. Parlamentares de oposição e subprocuradores da República o acusam de ser ligado ao PFL, partido do vice-presidente Marco Maciel, primo do procurador.
Isso teria sido demonstrado há um mês, quando o ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia (PFL) pediu a Maciel que intercedesse junto ao procurador com o objetivo de agilizar um processo "engavetado" contra Marco Aurélio, filho do governador Marcello Alencar (PSDB-RJ).
O processo envolve a apuração de irregularidades na emissão de "carioquinhas" (títulos públicos do município do Rio) na gestão de Marcello Alencar na prefeitura carioca (1989-92).
"Desde então, o processo voltou a caminhar, mas não sei se por milagre, causa e efeito ou coincidência", disse Maia à Folha.
"Esse fato mostra que o procurador tem as caras do Maciel e do PFL e não está interessado em defender a sociedade contra os criminosos", afirmou o deputado Milton Temer (PT-RJ).
A assessoria do procurador informou que o processo sobre as "carioquinhas" continua aguardando o despacho de Brindeiro.
A assessoria do vice-presidente divulgou que ele não comenta a recondução de Brindeiro porque é competência do presidente e que Maciel não acredita que o trabalho do procurador sofra interferências políticas.
A recondução de Brindeiro deve sofrer resistências no Senado, onde a mensagem de FHC tem de ser aprovada por maioria absoluta.
A senadora Marina Silva (PT-AC) disse que o procurador demorou a tomar providências contra o governador do Acre, Orleir Cameli (sem partido). No último dia 22, Brindeiro denunciou Cameli à Justiça por dispensa ilegal de licitação. "Essa e outras denúncias estão com ele desde novembro de 95, e nunca tinha feito nada", disse Marina Silva.
Segundo a assessoria de Brindeiro, o procurador esteve no Acre para acompanhar as investigações.

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