São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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Comércio fecha mas tráfico volta

DA SUCURSAL DO RIO

Horas depois do fim da operação policial no Jacarezinho, o comércio da favela fechou as portas em sinal de medo e de luto, mas o tráfico voltou a funcionar normalmente.
À tarde, a reportagem da Folha foi ao Jacarezinho e flagrou um garoto cheirando cocaína e outro com um maço de dinheiro e um saco contendo papelotes da droga, correndo pelas ruas.
Rosane Soares, irmã de Rogerinho, foi ao hospital Salgado Filho reconhecer o corpo, mas não quis dar entrevista.
Outros parentes
Os parentes dos outros mortos estavam revoltados.
A aposentada Maria Pereira, 50, mãe de José Patrício, um dos mortos, disse que o filho telefonou para ela avisando da perseguição e pediu-lhe para ir ao local do cerco. A aposentada disse que tentou entrar na casa e foi impedida pela polícia.
"Meu filho não estava fazendo coisa certa, eu sei, mas não precisava ser morto. Ele podia ser preso, mas a lei da polícia é pegar para matar", afirmou.
Aparecida Pereira, parente de outra vítima, confirmou a versão de que os homens de Rogerinho, cercados, estenderam um lençol na casa pedindo rendição à polícia. "Foi mais uma chacina", disse.

Os mortos: José Rogério Soares, o Rogerinho, Márcio dos Santos Monteiro, 22, Aldair Venceslau Soares, 24, José Patrício Pereira, 24, Sidney Azevedo Soares de Alvarenga, 26, e José Nílson Alves dos Santos, 24, além dos identificados como Robinho, Ney e Itaguaí.

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