São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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Esquerda se diz "pronta para governar"

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A esquerda francesa está aproveitando o clima favorável e fazendo marketing da coabitação.
Lionel Jospin, primeiro-secretário do Partido Socialista e provável primeiro-ministro se a esquerda vencer no próximo domingo, deu declarações ontem procurando mostrar que a esquerda é capaz de assumir o governo. "Sim, estamos prontos para governar", disse.
Coabitação é o termo usado na França quando o presidente da República e o primeiro-ministro pertencem a blocos políticos opostos. Ela vai acontecer se, no próximo domingo, a esquerda confirmar no segundo turno a vantagem que alcançou no primeiro, no último domingo.
No sistema parlamentarista francês, o bloco que forma a maioria na Assembléia Nacional indica o primeiro-ministro.
O presidente Jacques Chirac também tocou no tema da coabitação ontem. "Uma mudança de rumos vai levar à confusão", disse Chirac durante a última reunião do Conselho de Ministros da gestão de Alain Juppé.
A queda de 3,63% da Bolsa de Paris ontem foi o indicador mais forte que a esquerda está à frente.
Ela reflete o nervosismo do mercado financeiro por causa da expectativa de vitória da esquerda. Ela se baseia em pesquisas eleitorais encomendadas pelo empresariado, mas mantidas em segredo por restrição legal.
A direita contra-atacou reunindo em um comício no interior do país duas lideranças que devem ser responsáveis pela condução do governo em caso de vitória, Philippe Séguin e Alain Madelin.
Séguin está cotado para assumir o cargo de primeiro-ministro no lugar de Alain Juppé, que anunciou a renúncia após o mau resultado do governo no primeiro turno. Madelin seria o responsável pela área econômica.
Embora tenham perfis diferentes -Séguin é mais preocupado com a questão social, e Madelin defende posições liberais mais radicais-, os dois deram declarações procurando mostrar que seus pontos de vista são complementares. "Não há divergências entre nós", afirmou Séguin.
A esquerda chegou ao final do primeiro turno com 40,2% dos votos, quatro pontos percentuais acima da direita.
O primeiro bloco inclui partidos Socialista, Comunista, ambientalistas e outros pequenos partidos. O segundo é formado pela coalizão RPR-UDF (Reunião pela República e União pela Democracia Francesa) e a direita independente. A Frente Nacional, de extrema direita, teve 15%.

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