São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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Regime indonésio reforça a segurança na eleição de hoje

Após campanha violenta, 125 milhões escolhem parlamentares

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os 125 milhões de eleitores da Indonésia começaram a votar na manhã de hoje (noite de ontem no Brasil) em meio a um extraordinário esquema de segurança, que põe fim a uma campanha eleitoral que deixou cerca de 300 mortos e não deve impor mudanças ao rígido regime do país.
A eleição serve para preencher 425 das 500 cadeiras do Parlamento -as demais são apontadas diretamente pelas Forças Armadas. Ontem à noite, o presidente Mohamed Suharto, no poder há quase 30 anos, foi à TV pedir às pessoas que votem.
Mesmo que seu governo não esteja em risco, Suharto quer evitar que o apelo da oposição por um boicote eleitoral se concretize. Nas primeiras horas da votação, Suharto vencia: havia filas em quase todos os locais.
Na última eleição, em 1992, o partido Golkar (anagrama da expressão "grupos funcionais"), ligado ao general Suharto, conquistou 68% dos votos. Há apenas dois outros partidos legais.
Um deles, o PPP (Partido da União pelo Desenvolvimento), islâmico, lançou uma campanha maciça para tentar diminuir a importância do Golkar. O desempenho do PPP é o principal interesse desta eleição. O Golkar promete obter 70% dos votos.
Só na capital, Jacarta, 25 mil soldados vigiam seções eleitorais. Dezenas de milhares mais foram deslocados a outras localidades.
A oposição disse que a onda de violência no país acontece porque a população está insatisfeita com o sistema eleitoral, que, segundo ela, é projetado para dar a vitória ao governo. As autoridades afirmam que os distúrbios dos 27 dias de campanha foram provocados por grupos de esquerda para sabotar o pleito.
O incidente mais grave da campanha aconteceu no fim-de-semana, na cidade de Banjarmasin, na ilha de Bornéo. Um incêndio criminoso, relacionado com disputas entre grupos políticos, deixou mais de cem mortos.
O regime indonésio é considerado um dos mais ditatoriais do mundo. A principal queixa da comunidade internacional quanto ao presidente Suharto é o tratamento dado a Timor Leste, antiga colônia portuguesa ocupada pelo país em 1975. Essa ocupação não é reconhecida pela ONU, e há relatos frequentes de violência contra grupos separatistas.
Portugal, que encabeça campanha internacional contra a Indonésia, disse ontem que estava tentando apurar versões de tiroteios em Dili, a capital da região. Um incidente entre soldados indonésios e guerrilheiros timorenses teria deixado vários mortos, segundo a agência "Lusa".

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