São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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Redução da jornada; Votos à venda; Darcy Ribeiro; Brasil ilegal; Sexo dos anjos; Morte no Central Park; Butantan; Infrações financeiras

Redução da jornada
"É louvável o esforço da CUT para modernizar os seus discursos. O que ainda deixa a desejar é a falta de tato político e ético com que a CUT tem tratado os temas e as discussões nacionais.
Exemplo disso é o artigo assinado por José Lopez Feijóo, na edição de anteontem da Folha, sob o título 'Um protocolo que revela péssimas intenções'. O dirigente da CUT, raivoso e histérico, afirma que o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo é um pseudo-representante dos trabalhadores, como se a CUT fosse a dona de direito de todas as categorias de trabalhadores do país.
Na realidade, a proposta de 30 ou 36 horas é ousada e resolve o problema do desemprego. Esse é o desespero da CUT! E tem mais: desafio a CUT a provar que a redução da jornada para 40 horas cria empregos. Isso é balela! Na Constituição de 88, a jornada foi reduzida de 48 para 44 horas, e o que aconteceu foi um aumento abrupto nas horas extras. Com 30 ou 36 horas, as empresas serão obrigadas a contratar.
Pela proposta da Força Sindical, todos contribuem: governo, empresários e trabalhadores, criando a possibilidade de aumentar o mercado de trabalho em mais de 2 milhões de novas vagas.
As análises do Projeto Solidariedade feitas por Feijóo são no mínimo maldosas, para não dizer mentirosas. O total da renúncia fiscal do governo não passa de R$ 9 bilhões/ano, se a redução da jornada for para 30 horas, ou de R$ 3,5 bilhões/ano, se for para 36 horas.
Outra mentira diz respeito ao DSR. Na proposta da Força Sindical, o trabalhador vai trabalhar 30 horas e receber 40 horas. Ninguém precisa ser muito bom de matemática para perceber que houve um ganho extraordinário.
Tudo bem que Feijóo pleiteie um cargo na sucessão nacional da CUT, mas seu despreparo é evidente quando tenta, à luz do desespero, fazer jogo de cena para sua platéia. Dizer que o governo gastará R$ 41 bilhões com o projeto da Força em renúncia fiscal é coisa de quem fugiu da escola ou de quem, maldosamente, está despreparado e sem propostas para enfrentar um debate honesto sobre a geração de empregos."
Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (São Paulo, SP)

Votos à venda
"Parabéns à Folha pelo destemor em denunciar cambalachos desse governo de lacaios. Que assim continue. O governo FHC está massacrando os aposentados, desmoralizando o país e na iminência de fazer naufragar o Real."
Geraldo Carneiro de Castro (Belo Horizonte, MG)
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"Embora esse jornal, acertadamente, indique que a realização da CPI da Reeleição é necessária para apurar melhor a situação do 'mercado de votos', é curioso observar como a própria Folha aufere lucro com esse 'mercado'.
É inaceitável o oportunismo da Folha na instalação de uma linha 0900 para 'oferecer' ao público, pelo módico custo de R$ 2 por minuto, as gravações do 'Senhor X'. Isso sim é mercado, depondo contra o jornalismo sério tradicionalmente praticado por esse jornal."
Marcos Cesar Moura da Silva (São Paulo, SP)

Darcy Ribeiro
"Li, indignada e perplexa, artigo de Vera Bobrow (pág. 1-3, 26/5), elogiando Darcy Ribeiro e criticando Marcelo Rubens Paiva. Paiva transcreveu, e fez muito bem, as afirmações de Darcy, que perdeu as características de 'pensador', eleito por seu estilo iconoclasta.
O que me espanta é que a presidente da Federação Israelita tenha resolvido que as afirmações pornográficas e insultantes de Darcy são graves fora do contexto. Não. Os direitos humanos precisam ser respeitados sempre, e os israelitas precisam ter sensibilidade para essa percepção."
Sandra Monte Alegre, assessora de imprensa (São Paulo, SP)

Brasil ilegal
"O artigo de Marilene Felinto (Cotidiano, pág. 3-2, 27/5) 'Viagem ao Acre, Amazonas ilegal e Brasil ilegal' começa com uma agressividade gratuita, fora de contexto e bastante raivosa contra o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, descrito como 'suspeito de corrupção, para desalento dos trouxas que votaram nele'. Ou seja, a agressão se estende a 3.178.330 paulistanos que elegeram Celso Pitta prefeito. 'Suspeito de corrupção', por quê? Quem o denunciou, acusou, julgou e condenou, ou ao menos indiciou judicialmente para que seja 'suspeito'? Por quais atos?
Ao agredir gratuitamente o prefeito, neste e em artigos anteriores, a articulista também fornece base para suspeitar de que sua atitude é fortemente preconceituosa, seja o preconceito de ordem política ou de outra natureza."
Henrique Nunes, assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Sexo dos anjos
"Li a reportagem 'Sexo dos anjos' (Revista da Folha, 25/5) e tenho de me definir por horrorizado, não pelos fatos, mas pelo modo como foi tratado o assunto. A cada dez reportagens que se lêem sobre relacionamento de adolescentes, oito são sobre sexo e duas sobre drogas. Nunca li uma reportagem real sobre o 'verdadeiro amor' na adolescência, e sei que ele existe."
Leandro Villela de Azevedo (São Paulo, SP)

Morte no Central Park
"Com relação à matéria intitulada 'Remédio fez jovem matar, diz advogado' (Mundo, 26/5), esclarecemos que o medicamento Zoloft é um produto fabricado por outra companhia e nada tem a ver com o nosso Prozac."
Philippe Prufer, diretor de operações farmacêuticas do laboratório Eli Lilly (São Paulo, SP)

Butantan
"O ex-diretor do Instituto Butantan dr. Isaias Raw tece sobre o Hospital Vital Brazil (pág. 1-3, 26/5) comentários com equívocos e inverdades.
O hospital é centro de referência da Secretaria Estadual de Saúde para os acidentes por animais peçonhentos, dedicando-se ao atendimento à população, formação de recursos humanos e pesquisa clínica. Equipe de oito médicos (e não dez, como afirma o professor) atendeu, em 1995, 12,2% dos casos de ofidismo e 15,3% dos acidentes escorpiônicos notificados no Estado de São Paulo (e não "menos de 5%").
Com respeito a 'experiências que colocam em perigo os pacientes', o dr. Raw deve estar se referindo a trabalho de investigação clínica, desenvolvido entre 88 e 91, reavaliando esquemas de tratamento. Esse estudo envolveu várias equipes, inclusive técnicos do laboratório dirigido pelo professor Raw. Teve acompanhamento da Comissão de Ética do hospital e seus resultados foram publicados em revista médica de circulação internacional.
É inverídica a afirmação sobre a resistência à formação de comissão de ética. Segundo o Cremesp (res. 35/90), o credenciamento de hospitais está vinculado à existência de uma comissão de ética, o que vem sendo cumprido no nosso hospital desde 1990."
Ceila Maria Sant'anna Malaque, presidente da Comissão de Ética Médica do Hospital Vital Brazil, seguem-se mais três assinaturas (São Paulo, SP)

Infrações financeiras
"Venho cumprimentar esse jornal pela reportagem 'Lei é branda com infração financeira' (25/5). Como demonstrou o jornalista Frederico Vasconcelos, a lei é bastante branda, ineficiente e falha ao cuidar dos delitos financeiros, razão pela qual o Ministério Público e o Judiciário têm dificuldades quase intransponíveis para punir criminosos de colarinho branco."
Mario Luiz Bonsaglia, delegado da Associação Nacional dos Procuradores da República em São Paulo (São Paulo, SP)

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