São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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Rapaz é morto em confronto com polícia

Universitário era acusado de tráfico

ANTONIO FLÁVIO ARANTES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O estudante de biologia Rafael Rodrigo Zanella, 20, foi morto anteontem em Curitiba (PR) com um tiro na cabeça após confronto com policias civis. A perícia vai dizer se o tiro que matou o estudante foi disparado pela polícia.
Esse é o segundo assassinato em cinco dias em Curitiba envolvendo policiais civis. O empresário Marco Fracaro, 38, foi morto no domingo. O detetive Carlos Kutz, 38, confessou o crime, segundo o delegado Vinícius Martins.
Kutz, sua mulher Reny de Oliveira e o funcionário de Reny, Maurício Merotto, 21, estão presos.
Rafael Zanella foi morto acusado de tráfico de drogas. Segundo os policiais, após denúncia de que o estudante traficava maconha no bairro Santa Felicidade, foram até o local. Encontraram um Escort onde estavam o estudante e mais três rapazes. Os detetives deram voz de prisão.
Em seguida, ouviram dois disparos. Um teria saído do Escort e outro, de um Gol estacionado na frente do Escort. Os detetives também atiraram. "Não sabemos se foi o tiro dos detetives ou do Gol que matou o estudante", disse o delegado Francisco Costa. Segundo ele, o motorista do Gol fugiu.
No Escort, a polícia diz ter encontrado 500 gramas de maconha. Os três detetives foram afastados até que o caso seja apurado.
A Agência Folha não conseguiu ouvir ontem a família do estudante. Segundo o delegado Silvan Rodney Pereira, a família o descreveu como uma pessoa tranquila.
O empresário Marco Fracaro foi morto no domingo depois de um encontro com Reny Oliveira, mulher do detetive Kutz. Kutz confessou o crime à polícia.
Segundo a polícia, ela convidou o empresário a ir até o bar que tem em Colombo, na Grande Curitiba.
Lá, Fracaro foi rendido pelo detetive e o funcionário do bar, que exigiram dinheiro. Como ele dizia não ter, foram até a casa do empresário, onde o obrigaram a assinar uma folha de cheque e o documento de transferência de seu carro.
O empresário foi morto a tiros num matagal. No dia seguinte, o detetive tentou descontar o cheque no valor de R$ 10 mil. Como o caixa demorou, ele fugiu, mas deixou a identidade falsa com sua foto. Exame confirmou que a letra do cheque era de Kutz.

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