São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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Praia Grande tem 2º motim em 18 dias

Presos exigem 22 remoções

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE

Os presos da cadeia da Vila Tupy, em Praia Grande (litoral paulista), iniciaram uma rebelião às 15h de ontem. O motim é o segundo no mesmo local nos últimos 18 dias e o oitavo em 40 dias na região da Baixada Santista.
Os detentos simularam uma briga em uma das celas e atraíram o carcereiro Simei Gonçalves, que foi tomado como refém.
Durante a ação, alguns presos tentaram a fuga pelo teto da cadeia, com o auxílio de uma corda feita com lençóis. Eles voltaram ao notar a presença de policiais militares no lado externo do presídio.
Não houve feridos, mortos, nem depredação da cadeia, que tem 80 vagas e abriga 244 detentos.
Duas pistolas estavam em poder dos amotinados. Eles também tinham o domínio das salas usadas pelos carcereiros da cadeia, que fica no mesmo prédio da delegacia-sede de Praia Grande.
A "cela do seguro", onde ficam os detentos jurados de morte, foi arrombada e os "segurados" eram mantidos sob ameaça.
Às 16h45, iniciou-se a negociação entre dois representantes dos presos e o diretor da cadeia, delegado Carlos Topfer Schneider.
Lista de remoções
Os presos reivindicam transferências. Às 17h30, eles entregaram ao diretor da cadeia uma lista com 22 nomes. Eles pediam a remoção de 11 detentos para presídios de regime semi-aberto e de outros 11, que cumprem pena em regime fechado, para a Casa de Detenção do Carandiru (2), cadeia de Cubatão (3) e para outros presídios não determinados (6).
Dois dos líderes da rebelião -os presos que se identificaram como Ronaldo e André de Arruda- disseram ter vindo do cadeião de Praia Grande, no bairro de Vila Mirim, transferidos depois de uma rebelião que durou cinco dias no mês passado.
"A cadeia aqui está abarrotada. Eu quero ir para Cubatão, para ficar perto da minha família", afirmou André de Arruda. A cadeia de Cubatão está interditada pela Justiça e também está superlotada.
No início da noite de ontem, era aguardada a chegada na cadeia da Vila Tupy de policiais do GER (Grupo Especial de Resgate, da Polícia Civil), que atua somente em situações com reféns.

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