São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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Igreja Católica e FMI criticam o governo

DE BUENOS AIRES

Os conflitos sociais provocados pelo desemprego na Argentina renderam críticas ao governo federal por parte de duas instituições distintas: o Fundo Monetário Internacional e a Igreja Católica.
Ao participar de uma convenção da Associação de Bancos Argentinos, o diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus, alertou sobre os riscos ligados ao aumento da pobreza e da desocupação.
"As perspectivas favoráveis da economia podem se transformar em um fracasso se não se intensificarem os esforços para reduzir a desigualdade na distribuição de renda e criar mais oportunidades para os desfavorecidos", disse Camdessus.
Para ele, as atuais manifestações refletem "a frustração daqueles que ficaram de fora dos benefícios da reforma estrutural" implementada na economia argentina.
O diretor-gerente do FMI chegou a classificar o desemprego como "o maior problema" argentino e lembrou que a "exarcebação dos menos favorecidos" pode se tornar "presa fácil para o populismo", colocando em risco todas as conquistas obtidas pelas autoridades econômicas do país.
Igreja
As críticas da Igreja Católica argentina foram feitas pelo bispo auxiliar de Buenos Aires, Raúl Rossi.
Durante uma missa em homenagem ao dia 25 de maio -data nacional na Argentina- e na presença do presidente Carlos Menem, Rossi declarou que o país corre o risco de cair "na agressividade e na tentação da violência" devido à pobreza e ao desemprego existentes.
Assim como Camdessus, Rossi lembrou que o país obteve "conquistas" nos últimos anos, mas que tudo pode ser perdido caso as desigualdades sociais não sejam resolvidas.
"Tudo isso (insegurança, pobreza, corrupção e impunidade) leva ao desalento e à desesperança, o que pode desembocar na agressividade e na tentação da violência."
Para o dirigente da Cáritas -uma entidade de assistência social ligada à Igreja Católica-, Rafael Rey, o governo Menem "não tem sensibilidade social".

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