São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997 |
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Charles inicia árvore genealógica
DANIELA ROCHA
"Para contarmos nossa história, começamos por Ray Charles, que criou o soul a partir da estrutura melódica e harmônica do gospel e do rhythm'n'blues", afirmou Eugênio Lima, que desenvolve uma pesquisa sobre a história da música black brasileira. James Brown e seu funk, e Marvin Gaye -o primeiro gênio pop da cultura black com seu funk e soul- formalizam o movimento musical negro dos EUA. Mas no Brasil a história se fez a partir dos anos 60, quando a música soul começa a aparecer com Wilson Simonal (66) e Toni Tornado, o James Brown brasileiro. "O cenário se tornou propício quando Jorge Ben uniu a guitarra elétrica do rock ao samba, antecedendo à Tropicália e aos Novos Baianos. O samba-rock foi o primeiro passo para a fusão do samba com funk", disse Eugênio Lima. Com ele, encabeçam o movimento brasileiro Cassiano e Tim Maia. "Cassiano é o Marvin Gaye brasileiro. É quem canta a levada de samba funkeada, com melodia soul. E Tim Maia traz, em uma fase em que canta em inglês, a estrutura gospel e jazzística." Aparece aí o grupo Black Rio -que serviu de base para a banda Vitória Régia, hoje com Tim Maia. "A coisa popularizou. Black Rio virou tema da novela 'Locomotiva'. As Frenéticas criaram, sem saber, um hit drag, cantando 'Abra Suas Asas'." Os desdobramentos chegam ao funk de praia carioca, ao charm, e ao rap, no final dos anos 70. "O primeiro rap brasileiro foi feito por Miéle e se chamava 'Oito Nomes de Menina'. Na época, não existia a temática da rua, que aparece com Thaíde e Código 13." O funk paulista teve, segundo Eugênio Lima, Skowa como catalizador de influências, que culminaram com grupos como Luni e Lagoa, nos anos 80. "Ed Motta e Fernanda Abreu, mais recentes, também carregam as influências da fusão do funk com rock." (DR) Texto Anterior: História da black music é passada a limpo Próximo Texto: LETRA Índice |
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