São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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Esquerda já faz planos para governo

Nova pesquisa dá vitória ao bloco

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Uma nova pesquisa, divulgada ontem, indica que a esquerda deve conquistar a maioria das cadeiras da Assembléia Nacional da França. Lionel Jospin, líder do Partido Socialista e possível premiê em caso de vitória da esquerda, deu ontem declarações sobre a composição de um futuro governo. "Vamos ter uma equipe de 15 ministros em tempo integral", afirmou.
Ele falou após sair uma pesquisa do instituto CSA no jornal suíço "La Tribune de Genève". O levantamento foi divulgado na rede mundial de computadores para driblar a lei francesa -que proíbe que resultados sejam divulgados no território do país nos oito dias que antecedem a votação.
A coalizão Reunião pela República e União pela Democracia Francesa (RPR-UDF) pode ficar com 260 cadeiras. A Frente Nacional, de extrema direita, deve eleger dois deputados.
Se esse resultado se confirmar no próximo domingo, data do segundo turno, a esquerda terá a maioria absoluta na Assembléia Nacional, formada por 577 deputados.
Durante o último comício da campanha, ontem, Jospin enfatizou que as três forças -socialistas, comunistas e ambientalistas- estão unidas. O objetivo é demonstrar que diferenças não vão prejudicar um eventual governo seu.
No sistema parlamentarista vigente na França, o líder da maioria na Assembléia Nacional é indicado pelo presidente para a chefia de governo.
A esquerda passou a ser favorita desde o bom desempenho no domingo passado. O bloco fechou o primeiro turno com quatro pontos percentuais de vantagem sobre a direita, que teve 36,1% dos votos.
A principal consequência do fraco desempenho da direita foi a queda do primeiro-ministro Alain Juppé, depois de dois anos à frente de governo da França.
Com a queda de Juppé, assumiram a linha de frente da campanha Philippe Séguin -cotado para premiê se a direita vencer- e Alain Madelin, cotado para ser o titular do Ministério da Fazenda.
No comício do RPR-UDF em Paris, Séguin alertou novamente para os riscos de um eventual retorno da esquerda ao poder. "Vamos manter os socialistas, que nos governaram durante tanto tempo, longe do poder", disse.
A Frente Nacional também realizou seu último comício ontem. O presidente do partido, Jean-Marie le Pen, elegeu os "inimigos públicos" a serem combatidos no segundo turno, entre os quais estão candidatos de esquerda e direita. Ele não fez recomendações de como seus eleitores devem votar onde a FN não estiver presente no segundo turno.

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