São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brindeiro atrasa apuração

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, levou um ano e seis meses para denunciar à Justiça o governador do Acre, Orleir Cameli (sem partido), citado em fitas obtidas pela Folha como suposto comprador de votos a favor da emenda da reeleição.
No final de 95, procuradores do Acre encaminharam a Brindeiro representação com 18 acusações contra Cameli. Até hoje, porém, Brindeiro não requereu à Justiça a quebra do sigilo das contas bancárias do governador e de seus sócios.
A medida, dizem os procuradores que levantaram as acusações, é essencial para a apuração dos crimes atribuídos ao governador, como contrabando e falsidade ideológica.
Segundo eles, a quebra do sigilo bancário poderia reforçar também a única denúncia apresentada ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra Cameli, no último dia 22, por dispensa ilegal de licitação para a reforma do pronto-socorro Joana Benício de Souza.
Mesmo sem quebra do sigilo bancário, auditoria feita pela Receita Federal nas empresas do grupo Cameli teria constatado sonegação de R$ 22 milhões, dizem os procuradores.
Demora
Segundo a assessoria de Brindeiro, o subprocurador Wagner Natal Batista, designado em 96 para acompanhar as acusações contra Cameli, disse que uma possível demora nos inquéritos se deve à exigência legal de a procuradoria dar prioridade a processos criminais em que o réu está preso.
A assessoria informou que serão encaminhadas a Brindeiro, nas próximas semanas, novas denúncias contra Cameli.
Por iniciativa da procuradoria, Cameli responde no STJ a quatro inquéritos por falsidade ideológica (uso de vários CPFs), desvio de recursos, contratos ilegais e contrabando de mercadorias em um avião da empresa Marmud Cameli, do governador.
Há ainda contra Cameli representação por sonegação fiscal e notícia-crime por suposta irregularidade eleitoral em 94.
Cameli e seu assessor de Comunicação Social, José Chalub Leite, não foram encontrados ontem para comentar o caso.

Texto Anterior: Investigação barra obra suspeita no Acre
Próximo Texto: Secretário de Amazonino é suspeito de extorsão e tortura
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.