São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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'Mexida' pode explicar morte em plásticas

DA REPORTAGEM LOCAL

A mudança de posição na mesa de operação de um paciente que está sendo submetido a uma cirurgia plástica com anestesia peridural pode explicar acidentes como o da comerciária e estudante universitária Simone Fernandes de Oliveira, 28, que morreu na última quarta-feira.
A universitária teve uma parada cardíaca durante uma cirurgia de lipoaspiração de abdômen, coxas e culote na clínica Salt Lake, em Pinheiros (zona oeste da cidade).
O alerta é do presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Farid Hakme, 56. "A anestesia peridural é injetada na espinha. Quando o paciente é virado de lado ou rotacionado na mesa de operação, pode ocorrer escorrimento do líquido anestésico", afirmou Hakme.
O escorrimento pode causar a paralisia de músculos no corpo do paciente, falta de oxigenação e até mesmo paradas cardíacas, explica o médico.
"Não é algo muito comum, mas o anestesista tem de estar preparado para oxigenar o paciente ao primeiro sinal de problema", disse.
O médico Ewaldo Bolivar, presidente do setor de estética da Federação Latino-Americana de Cirurgia Plástica, também disse que o problema que causou a morte de Simone pode estar relacionado ao uso da anestesia peridural.
"Numa lipoaspiração, o paciente é revirado e essas mudanças de posição podem provocar uma queda de pressão", disse Bolivar.
"De bruços e com a musculatura paralisada pela anestesia, o paciente tem o tórax e abdômen pressionados contra a mesa, o que pode dificultar a respiração."
Para não correr esse risco, Bolivar prefere usar anestesia geral e entubar o paciente quando faz lipoaspiração.
Bolivar também não descartou a hipótese de Simone ter tido uma embolia. "Não sou dono da verdade. Só saberemos o que ocorreu depois que sair o laudo", disse.
Evaldo Luque, 47, o cirurgião plástico que operou Simone, não acredita que a morte da estudante tenha relação com a anestesia e a mudança de posição. "Tenho certeza de que não ocorreu isso no caso dela. Quando a viramos de posição, ela já estava anestesiada havia cerca de 40 minutos. O líquido anestésico, em geral, se fixa em 20 minutos e não escorre mais."
O resultado da autópsia no Instituto Médico Legal, que vai revelar a causa da morte de Simone, só deve ficar pronto em dez dias.

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