São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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PM atirou contra os sem-teto

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Militar atirou contra os sem-teto na tentativa de desocupação da Fazenda da Juta, em São Mateus (zona leste de São Paulo), no último dia 20, segundo o Ministério Público.
Esse é o resultado preliminar da análise das fitas com as imagens do confronto entre a PM e os invasores do conjunto habitacional.
O resultado final da perícia das gravações deve ser divulgado na próxima semana.
Oficiais que participaram da ação vinham sustentando que nenhum PM havia atirado. Ontem, por sua vez, o tenente Jacintho Del Vecchio Júnior, que comandou um dos pelotões da PM, admitiu, em depoimento na 8ª Seccional, que viu policiais "atirando para o alto", mas que não tinha "condição de identificá-los".
O policial alegou que os PMs atiraram "na tentativa de inibir a agressão dos manifestantes (que atiravam pedras) e de dispersar a multidão".
O exame das imagens está sendo realizado pela perita do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo, Glays Regina de Oliveira.
Ontem, pela primeira vez, o promotor e o delegado encarregados do caso, Francisco José Tadei Cembranelli e Antonio Mestre Júnior, assistiram integralmente às fitas apreendidas pela perícia.
Certeza
Depois de assistir às imagens do confronto, o promotor Cembranelli afirmou: "Uma conclusão, uma evidente certeza, nós já temos: os disparos foram efetuados pela tropa (da PM) em direção à multidão".
"Vimos policiais com armas de fogo. Até o próprio áudio mostra que os disparos foram efetuados da direção em que a tropa se localizava. Isso é um elemento de extrema importância para as investigações", disse Cembranelli.
O promotor afirmou que as imagens serão confrontadas com os depoimentos das testemunhas para "checar a veracidade" das informações.
Além disso, as cenas gravadas, estudadas quadro a quadro, poderão apontar possíveis atiradores. Na próxima semana, o delegado Mestre continuará ouvindo oficiais.
As informações dos comandantes da operação na fazenda serão utilizadas para reconstituir a movimentação dos policiais, com a ajuda de um croqui.

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