São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Perseguição a 'amada' deporta comerciante

ROGÉRIO PANDA
DA FT

O comerciante Carlos Alberto Rosa do Vale, 43, foi deportado dos Estados Unidos por ter perseguido a administradora de empresas Juditiara Samouskoy, 36, por quem se diz apaixonado.
Vale já foi preso duas vezes nos Estados Unidos por perseguir Juditiara -ele foi indiciado naquele país pelo crime conhecido como "stalking", que significa perseguição. A deportação aconteceu no último dia 7.
Hoje, ele mora com os pais em Atibaia (65 km de São Paulo), mas diz que quer voltar aos Estados Unidos por ter se sentido injustiçado. "Quero reabrir meu caso na na Justiça para provar que não sou culpado de nada."
O romance
Vale conta que ele e Juditiara se conheceram há 19 anos, quando faziam cursinho no Universitário. "No começo ela começou a passar alguns trotes por telefone para a minha casa", afirma Vale.
O comerciante diz que depois se apaixonou, mas que o romance entre eles durou pouco.
"Nós ficamos juntos em uma pizzaria no Bixiga (região central de São Paulo), mas estávamos acompanhados. Depois, cheguei a ir à casa dela uma vez."
Segundo Vale, o relacionamento durou seis meses, mas o casal não manteve nenhuma relação sexual.
"Depois, eu comecei a telefonar para ela, mas a Juditiara não atendia, dizem que ela ficou com medo", declarou.
Viagem
Há dez anos, Juditiara foi para os Estados Unidos e se casou com um grego naturalizado.
Em 1988, Vale diz que resolveu viajar para os Estados Unidos para rever a administradora. Em Los Angeles, ele alugou um carro e passou a persegui-la. Foi preso e ficou detido por 25 dias.
Seis anos depois, Vale voltou aos Estados Unidos, comprou um carro e retomou a perseguição, mas desta vez com maior frequência.
No dia 22 de dezembro de 94, Vale a perseguiu pelo Hollywood Boulevard, em Los Angeles. Juditiara estava acompanhada do marido, que fez uma queixa à polícia. Ele foi julgado e, condenado a três anos, cumpriu 22 meses de prisão.
Na cadeia, o comerciante foi examinado por um psiquiatra, que o classificou como um "amante obsessivo".
"Eu sei que criei uma obsessão por ela, mas só queria vê-la, olhar na cara dela", diz Vale.
Vale diz achar que a administradora ainda gosta dele.
Outras ações
Além de retomar a ação judicial que o condenou para provar sua inocência, Vale diz que pretende escrever um livro com sua história.
Mas ele afirma que, devido ao que sente por Juditiara, não consegue ter outros romances. "Nesses 19 anos, tive dois relacionamentos que não deram certo", afirmou.
Mas ele não pode mais chegar perto de sua "amada". A sentença que o condenou à prisão determina que ele fique a cem metros de Juditiara toda vez que a encontrar.

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