São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IOF faz leasing ganhar espaço

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O consumidor brasileiro ainda resiste ao leasing como alternativa para financiar a compra de um carro zero, mas a recente puxada no IOF parece estar quebrando esse preconceito.
Marcos Moreira, diretor do Banco Fiat, diz que o leasing respondia por cerca de 5% das vendas de veículos nacionais zero no país. A expectativa, agora, é que a participação suba para 15% ou até 20%.
Na Primo Rossi, concessionária Volkswagen em São Paulo, as operações de leasing cresceram 6% em maio, após a elevação do IOF, informa Vitório Rossi Jr., diretor.
Wilson Gil de Oliveira Filho, diretor da Pompéia Veículos (GM), confirma o avanço do leasing: a participação nas vendas do grupo saltou de 2% a 3% para 30%.
"O leasing sempre foi mais vantajoso que o crédito direto, mas o cliente e até o próprio vendedor não se interessavam. Quando a diferença se torna maior, como ocorre agora, mexe no bolso do consumidor e tende a quebrar o preconceito", afirma Moreira.
Economia de 17%
A economia que o leasing representa para o bolso do consumidor em dois anos chega a 17% do preço à vista de um carro "popular", calcula o matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho.
Moreira confirma que, usando como exemplo carros como Palio e Gol, a economia total fica mesmo entre R$ 2.000 e R$ 2.500. "Dá para cobrir IPVA, seguro, licenciamento e despachante", compara.
Imagine um carro 0K de R$ 12.500 à vista com duas opções de financiamento: o crédito direto ao consumidor (CDC) e o leasing, ambos em 24 meses, juro de 3,5% ao mês e entrada de 20%.
No CDC, a prestação mensal sairia por R$ 711,41 porque, além dos R$ 10 mil de saldo, o consumidor precisaria financiar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Só esse imposto vai custar R$ 1.424,08, afirma Dutra, após calculá-lo com base nas novas regras impostas pelo governo.
Desde 5 de maio esse imposto para pessoas físicas é de até 15% (contra 6% antes, para 12 meses ou mais). A base de cálculo do IOF no crédito direto também mudou.
No leasing, que não paga IOF, a prestação seria de R$ 622,73, quase R$ 90 a menos por mês.
Em dois anos o comprador de um carro "popular" desembolsaria, além da entrada, R$ 17.073,84 no financiamento tradicional e R$ 14.945,52 no leasing. A diferença, de R$ 2.128,32, equivale a 17% do preço à vista do carro.
No lugar do IOF o leasing está sujeito ao ISS, tributo municipal fixado em 5% em São Paulo.
A maioria das empresas de leasing, entretanto, está sediada em Alphaville, município de Barueri, onde o ISS é de 0,50%.

Texto Anterior: Pressão sobre SP
Próximo Texto: Consumidores têm preconceito
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.