São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Puro ou com gelo?

JUCA KFOURI

Má vontade à parte com os campeonatos estaduais, o que temos neste momento no eixo Rio-São Paulo?
O do Rio está parado no momento da decisão, e a grande emoção fica por conta de saber quem ganhará o braço-de-ferro, a federação do Caixa D'Água ou o Flamengo -e a história recente registra que a vitória tende para a primeira, porque entre a cabeça, mesmo que voltada para o mal, e a garganta, a cabeça ganha.
Em São Paulo, a situação é mil vezes melhor.
O quadrangular final está em andamento, temos um clássico tradicionalíssimo hoje, mas, cá entre nós, por mais que a mídia se esforce em dar ares de tensão à decisão, o torcedor não está muito ligado. Porque ele é puro, mas não é bobo.
Mais que dividir as atenções, a seleção brasileira roubou grande parte da emoção que poderia sobreviver na reta final dos estaduais, relegando-os ao que, de fato, são: atrações de segunda classe. Se não, vejamos.
Só há uma hipótese para o Corinthians x Palmeiras de hoje se transformar em grande assunto: uma derrota corintiana.
Qualquer outra possibilidade, até a de uma goleada alvinegra, não surpreenderá.
Afinal, golear o Palmeiras tem sido o mais comum ultimamente para São Paulo e Corinthians, e o alviverde de hoje não é nem sombra do que disputou, e ganhou, os três turnos classificatórios do Paulistão.
Fica, portanto, por conta da imprevisibilidade do futebol a única graça do jogo desta tarde -e mesmo entre os mais ardorosos palmeirenses são poucos os que acreditam no milagre, embora, é claro, sonhem de olhos abertos com a falseta.
Mas certamente ficarão em casa, prudentemente precavidos e sem motivo inteligente para ir ao Morumbi.
Ao Corinthians, portanto, só resta vencer, sem esquecer das sábias palavras de Donizete. "A única coisa que pode acontecer com um adversário morto é ele ressuscitar."
Pois é menos difícil o Palmeiras ressurgir que os estaduais ressuscitarem.
Ainda mais que o Paulistão está previsto para acabar no meio desta semana.
Depois de mais de quatro meses gelados de futebol, o torneio acaba em três rápidas rodadas e numa quinta-feira à noite, no frio Morumbi, na temperatura invernal, aí sim, de Primeiro Mundo. O meu com gelo, please.

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