São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Desafio aponta o homem mais rápido

EDGARD ALVES; JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O jamaicano naturalizado canadense Donovan Bailey e o norte-americano Michael Johnson se enfrentam hoje numa corrida de 150 metros. O vencedor leva um prêmio de US$ 1,5 milhão e o perdedor, US$ 500 mil.
O duelo apontará qual deles é o mais rápido do mundo no atletismo, e deve durar cerca de 14s80.
Bailey é o atual recordista mundial dos 100 m rasos (9s84), e Johnson, dos 200 m (19s32).
A disputa será realizada às 18h45 (horário de Brasília) no SkyDome, em Toronto, Canadá. Os 45 mil ingressos estão esgotados.
A corrida de 150 m não é convencional. Começa na curva da pista e entra na reta dos 100 m. Johnson conhece melhor as curvas.
Os dois competiram em suas especialidades no Rio, recentemente. Venceram. Mais simpático, Bailey foi aplaudido pelos torcedores cariocas. Johnson, vaias.
Brincadeira
O currículo de Johnson aponta feito inédito no atletismo: vitórias nos 200 e 400 m numa mesma Olimpíada, em Atlanta. Ele não encara a corrida de hoje como o maior desafio de sua carreira.
"Independente do resultado, sempre algum cara vai chegar e falar que um outro é o sujeito mais veloz do mundo. Que diferença isto faz? É tudo uma grande brincadeira. Vamos saber apenas que, naquele dia, foi o melhor nos 150 metros", disse Johnson.
Bailey rebate críticas de Johnson, que já o chamou de imaturo, por ter dito que o público americano é ignorante. Essa rivalidade ganhou força na Olimpíada de Atlanta.
"O desafio partiu dele, não de mim", afirmou Bailey.
"A imprensa norte-americana é que quer fazer dele uma estrela. Mas só há dois grandes eventos na Olimpíada para o atletismo: os 100 m e os 4 x 100 m e nós, canadenses, ganhamos os dois."
Decadência
Para Brad Hunt, agente de Johnson, o desafio de hoje é uma jogada de marketing na tentativa de levantar um esporte decadente.
"A rivalidade entre os dois é a única coisa que ainda motiva o atletismo. Não fosse essa prova, o esporte só estaria na TV e nos jornais pelos casos de doping", disse.
Depois da Olimpíada de Atlanta, o empresário coordenou um estudo da Federação Norte-Americana de Atletismo, no qual constatou que os investimentos na modalidade estavam caindo.
"Hoje em dia as empresas estão preocupadas com o prejuízo que têm ao patrocinar um esporte que está sendo marcado pelo doping."
Para Hunt, a corrida de hoje -imagens irão para 64 países- gera expectativa como uma luta Tyson-Holyfield.
(EDGARD ALVES)

Colaborou João Carlos Assumpção, de NY

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