São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Economia cresce, mas direitos humanos preocupam
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Em uma escala elaborada pela revista britânica "The Economist", na qual a máxima situação de risco recebia a nota 100, os indonésios ficaram com 40. Os países menos seguros para o investidor, segundo o índice, são a Rússia, com uma "taxa de risco" avaliada em 85, e Venezuela (75). Os mais seguros, Cingapura (5) e Taiwan (10). O Brasil ficou numa posição intermediária, com um índice 60. No ano passado, a Indonésia ficou em segundo na lista dos asiáticos que mais receberam investimentos privados externos. Foram US$ 17 bilhões, contra US$ 52 bilhões recebidos pelos chineses. A economia do país cresce em um ritmo acelerado (média de 7,2% do Produto Interno Bruto entre 1991 e 1996), e a inflação vem caindo (de 9,24% ao ano em 1991 para 6,5% no ano passado). Denúncias Mas o fluxo de dinheiro vem sendo acompanhado recentemente por denúncias, principalmente a partir dos EUA, de desrespeito aos direitos humanos. O principal alvo são as fábricas da Nike naquele país. A empresa, que em 1996 teve faturamento de US$ 6,5 bilhões e lucro líquido de US$ 553,2 milhões, produz 36% de seus calçados na Indonésia. Nos últimos dois anos, as condições de trabalho nas suas empresas sediadas naquele país têm merecido enorme atenção. O reverendo Jesse Jackson, duas vezes candidato à Presidência norte-americana, visitou as instalações da Nike na Indonésia e é um dos organizadores de campanhas de boicote aos seus produtos. A repercussão dessas acusações é tamanha que o sistema de ensino público do Estado de Oregon, Costa Oeste dos EUA, onde a Nike tem a sua sede mundial, recusou US$ 500 mil que a empresa lhe havia oferecido como donativo. Jeff Bellinger, presidente do grupo Press For Change ("Pressão para Mudança"), afirma que os subcontratados da Nike na Indonésia pagam a seus funcionários menos que o salário mínimo local, impedem sua sindicalização, exigem horas extras sem recompensa adicional e permitem maus-tratos que incluem violência física. Há ainda acusações recorrentes de que os calçados são fabricados por mão-de-obra infantil. Em 25 de julho passado, a Nike aceitou uma proposta do presidente Bill Clinton para, junto com outras empresas norte-americanas, "desenvolver padrões globais de trabalho" que incluirão monitoramento independente das condições dos trabalhadores no Terceiro Mundo. Antes, durante anos, a Nike havia se recusado a abrir suas fábricas na Ásia a inspetores independentes de qualquer entidade. Colaborou CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA, de Washington Texto Anterior: Suharto prepara dinastia na Indonésia Próximo Texto: Escritor sintetiza oposição a regimes Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |