São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997 |
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Vitória socialista afetaria moeda única
SARAH HELM
O líder socialista francês, Lionel Jospin, que pode ser o próximo primeiro-ministro, é favorável a uma interpretação flexível dos critérios previstos por Maastricht. Essa abordagem, se adotada, certamente levará a uma moeda "soft", se a Alemanha e a França conseguirem lançá-la em 1º de janeiro de 1999, como previsto. A dificuldade que os dois países enfrentam para atingir o alvo de reduzir o déficit orçamentário a 3% do PNB poderia ser eliminada. Seriam permitidos, se necessário, déficits um pouco acima do limite. A redução do déficit público é a condição mais difícil de ser cumprida para os países que querem participar da moeda única. Outros requisitos: inflação anual abaixo de 2,6%, dívida pública inferior a 60% do PNB e harmonização de suas políticas tributárias. Jospin faria questão de fortalecer o controle político sobre a implantação da união monetária, reduzindo o poder dos bancos centrais e aumentando a ênfase na geração de empregos. Essa abordagem entraria em choque com a Comissão Européia, que defende o cumprimento rígido dos critérios de Maastricht. Isso, por sua vez, poderia criar um espaço para que os chamados "eurocéticos" acusassem a Europa de artificialmente gerar um "abrandamento" em escala maciça, para viabilizar a moeda única. Outro perigo Mas existe um outro perigo para o futuro do euro: a forte resistência da opinião pública alemã. Se as regras fossem relaxadas, essa oposição aumentaria. A maioria dos alemães morre de medo de trocar o marco por uma moeda vulnerável à inflação. O chanceler alemão (premiê), Helmut Kohl, passaria a enfrentar grandes dificuldades para obter apoio ao seu projeto predileto, a unidade monetária européia, na campanha para a eleição que acontece no final de 1998. Mas Jospin não está sozinho na defesa de uma abordagem mais flexível à unificação monetária. O controle rígido dos gastos públicos em cada país-membro vem provocando ansiedade em vários países, à medida que os efeitos sociais dos cortes orçamentários se fazem sentir. O SPD, partido de oposição na Alemanha, por exemplo, é a favor de uma abordagem mais flexível nos critérios previstos. E mesmo o novo governo trabalhista britânico, que se opõe a qualquer abrandamento desses critérios, defende a preocupação com o combate ao desemprego. Os trabalhistas gostariam que critérios políticos tivessem peso maior no esboço da política econômica européia e que se incluísse um capítulo sobre emprego no Tratado de Maastricht. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Analistas vêem ato falho de Chirac Próximo Texto: Resultado apertado pode pôr país no 'limbo' Índice |
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