São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Uma ponte perto demais

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - A reunião ministerial da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), realizada há pouco em Belo Horizonte, parece ter conseguido introduzir essa sigla, até então quase esotérica, na agenda nacional.
Ainda bem. Desconfio que os acordos comerciais internacionais moldarão o futuro do país com mais força do que boa parte das políticas puramente internas.
Agora, é torcer para que o debate que esta Folha promove amanhã sobre o assunto permita o deslocamento da discussão para questões mais relevantes do que a queda-de-braço entre o Brasil (ou o Mercosul) e os Estados Unidos.
Até aqui, o debate em torno da Alca girou muito em torno da pressão norte-americana para abrir, rapidamente, os mercados de seus vizinhos e da resistência de governo e empresariado brasileiros, que querem ganhar tempo.
Um dos debatedores de amanhã, o empresário Roberto Teixeira da Costa, antecipa, em artigo para o número de maio da revista "Conjuntura Econômica" (Fundação Getúlio Vargas), qual é o enfoque mais adequado:
"Ganhar tempo, por si só, não resolverá nosso problema. Precisamos saber exatamente o que queremos e como vamos usar esse precioso tempo", escreve Teixeira da Costa.
Pois é. Se o país quer a Alca, adiar a abertura do mercado para 2005 não vai resolver coisa alguma, a menos que até lá seja possível criar condições para que a produção brasileira possa enfrentar a concorrência da norte-americana.
Parece muito pouco tempo para um país que não tem marcas internacionalmente reconhecidas, estratégias de marketing externo, produtos de alto valor agregado para vender etc.
Ou o Brasil diz não de uma vez à Alca e elege outros parceiros preferenciais (a União Européia ou os outros países sul-americanos) ou corre o risco de ganhar a queda-de-braço e perder no jogo principal, quando a Alca começar para valer.

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