São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997
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Interpol detalha atuação de mafioso

LUCAS FIGUEIREDO

LUCAS FIGUEIREDO; FÁBIO GUIBU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ofício obtido pela Folha confirma participação de Domenico Verde em fraude

Documento da Interpol (polícia internacional) Roma obtido pela Folha revela que o mafioso Domenico Verde, preso anteontem em Maceió (Alagoas), obteve US$ 39 milhões em contratos com licitações fraudadas.
Verde, 56, é apontado em investigações das polícias italiana e brasileira como parceiro de Paulo César Farias em lavagem de dinheiro.
A Interpol Roma identifica Verde como mafioso "pertencente à Nova Camorra Organizada". A Camorra é a máfia da região de Nápoles (sul da Itália), que vem se especializando em operações de narcotráfico e lavagem de dinheiro.
Apuração na Itália concluiu que as empresas de Verde conseguiram ganhar, por meios fraudulentos, 27% das concorrências da FS (ferrovia estatal italiana).
O documento com a ficha criminal do mafioso, em português, foi enviado para a Interpol Brasília em 5 de março -quando se intensificaram as investigações sobre ligações de PC Farias com a máfia.
"Verde está sendo procurado por ter participado de uma associação da Camorra (...) com a finalidade de adquirir o controle de atividades econômicas, de ganhar concorrências de obras e serviços públicos e de obter, para si e para outros, proveitos e vantagens injustos", diz o documento.
A Folha revelou ontem que Verde esteve com PC Farias, no final de 93, em Bancoc, na Tailândia, onde o empresário alagoano se escondeu quando fugiu do Brasil.
A Interpol Roma, acusa Verde de fraudar licitações da FS de Nápoles "por meio de corrupção, acordos e participando com falsas ofertas, o que permitiria determinar as firmas que ganharam as licitações".
Outro lado
Verde reafirmou ontem que não conheceu PC Farias e que não se encontrou com ele na Tailândia. "Nunca estive lá", disse.
O ex-construtor sustenta que foi vítima de uma artimanha da Justiça italiana, que o apontou como mafioso, no processo movido contra ele, só para poder decretar sua prisão preventiva. "Isso foi feito com outras 53 pessoas."

Colaborou FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Maceió

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