São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997
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Governo vence as eleições na Argélia

Oposição denuncia fraudes

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O partido do presidente Liamine Zeroual venceu a eleição parlamentar da Argélia.
O resultado, que garante que os poderes especiais do presidente não vão ser seriamente questionados pelo Parlamento e dá a Zeroual a escolha do primeiro-ministro, foi divulgado ontem, um dia depois da eleição.
Vários partidos de oposição denunciaram que houve fraude.
O comparecimento às urnas foi 65,49 %, menos do que o governo esperava. Na eleição presidencial de 1995, 74,5% dos eleitores foram votar.
O governo considera a eleição um passo para acabar com a violência que matou cerca de 60 mil pessoas nos últimos cinco anos. Ao anunciar os resultados, o ministro do Interior, Mustapha Benmansour, disse que "esta eleição histórica, que não foi prejudicada por qualquer distorção, é um enorme progresso e uma grande vitória dedicada à nação e às futuras gerações, para construir e fortalecer a democracia e o Estado de direito.
A União Democrática Nacional, formada há apenas dois meses e apoiada por Zeroual, elegeu 155 dos 380 deputados da Assembléia.
O partido disse que sua vitória foi "uma resposta decisiva do povo argelino contra o terrorismo e as conspirações".
Mas a situação não está clara. "É prematuro dizer que a violência acabará," disse um diplomata ocidental ontem.
Os outros principais partidos denunciaram que houve fraude. A ONU, a Liga Árabe e a Organização da Unidade Africana enviaram 240 observadores, mas esse número foi muito pouco para vigiar os 35 mil postos de votação espalhados por todo o país.
O Movimento para uma Sociedade Pacífica, islâmico, que ficou com 69 cadeiras, acusou o governo de irregularidades na eleição. Seu líder, Mahfoud Nahnah, disse que vai "apresentar protestos ao Conselho Constitucional".
Em terceiro lugar ficou a Frente de Libertação Nacional, que governou a Argélia por quase três décadas, da independência da França, em 1962, até 1990.
Para a FLN, que elegeu 64 deputados, os dados oficiais "não refletem a verdade".
'Muita fraude'
O porta-voz de outro partido de oposição laica, a Frente das Forças Socialistas, disse que não reconhece "essa eleição e rejeita seus resultados; houve muita fraude."
A Frente das Forças Socialistas elegeu 19 representantes, mesmo número que a União para a Democracia e a Cultura, um partido anti-islâmico. A Frente Islâmica de Salvação (FIS) foi excluída do pleito e defendeu o boicote dos eleitores. Em 1992, o governo cancelou a eleição, diante da perspectiva de vitória da FIS no segundo turno. Desde então, a organização se dedica a uma campanha terrorista.
Em Teerã, capital do Irã, o aiatolá Mohammad Yazdi, chefe do Judiciário, disse que a eleição da Argélia é ilegal devido à ausência da FIS.

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