São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
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Médico vai lançar 'kit-berçário' na Bahia

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Até o final do ano, 120 hospitais públicos brasileiros deverão receber um conjunto de equipamentos básicos para a sobrevivência de bebês prematuros, fabricados com matéria-prima alternativa (catracas, tinta de automóvel e fibra de vidro).
Elaborados pelo neonatologista baiano José Américo Silva Fontes, 60, o "kit-berçário" está sendo fabricado por 30 jovens aprendizes da OAF (Organização para o Auxílio Fraterno), em Salvador (BA).
"Cada kit custa cerca de R$ 4.000, ou seja, 30% menos que os equipamentos convencionais", disse o pediatra.
A fabricação do primeiro lote de 120 kits faz parte do Projeto Assistência ao Recém-nascido no Meio Rural, desenvolvido pelo Ijasf (Instituto Américo Silva Fontes), OAF e Fundação Banco do Brasil, que financia 80% do trabalho.
Os primeiros conjuntos, que devem ficar prontos nos próximos 15 dias, serão destinados a hospitais públicos da Bahia e Sergipe.
"Além da distribuição dos equipamentos, o projeto prevê a capacitação de médicos e enfermeiros da zona rural no atendimento a bebês", disse Fontes.
José Américo Silva Fontes iniciou a confecção de equipamentos neonatal com material alternativo na década de 70. "Precisava salvar os bebês e o hospital onde trabalhava não dispunha dos recursos necessários", disse ele.
Nessa época, o médico utilizava sucata (cabos de vassoura, latas de leite, biscoiteiras, garrafões de água) para fabricar aparelhos de fototerapia, oxigenação e sistemas de aquecimento.
"Esses recursos alternativos salvaram a vida de muitos bebês na Bahia e até foram adquiridos pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância)."
Segundo o neonatologista, o "kit-berçário" fabricado hoje pode ser considerado tecnologia de ponta em comparação aos produzidos na década de 70. "Atualmente o kit conta até com um estimulante respiratório computadorizado, um equipamento inédito no mundo."
O médico disse também que o conjunto de equipamentos forma uma unidade básica de atendimento a recém-nascidos, que é responsável por 95% das necessidades dos bebês normais e prematuros. Atualmente, morrem no Brasil 69,1 recém-nascidos a cada grupo de mil, segundo dados do Anuário Estatístico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Publicado em 95, os dados do Anuário Estatístico se baseiam nas pesquisas feitas entre os anos de 80 e 90. Na região Nordeste, o índice é ainda maior -106,8, também por cada grupo de mil crianças.

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