São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
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Matemático enfrenta mercado limitado

DA REPORTAGEM LOCAL

Mercado de trabalho limitado e salários pouco compatíveis com a formação necessária. Sim, essa é a realidade do setor, afirmam os matemáticos ouvidos pela Folha.
Cláudio Possani, 40, professor da faculdade de matemática da USP (Universidade de São Paulo), afirma que um novo mercado começa a se abrir: os bancos.
Mas as instituições financeiras ainda captam um número restrito de matemáticos. A tendência, no entanto, é que isso se intensifique.
Nos bancos, o matemático costuma trabalhar em cálculos complexos: "Ele está preparado para isso. E, se fizer carreira, pode ser bem remunerado e ocupar cargos de chefia". Em outras áreas, a possibilidade é bem menor.
Baixa remuneração
Como o setor financeiro costuma pagar mais do que as universidades e passou a oferecer trabalho ao matemático, tem atraído jovens profissionais, segundo ele.
"Nos institutos de pesquisa, a situação é pior. A remuneração é 35% inferior à das universidades", compara Palis, que também é vice-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e é apontado como um dos maiores matemáticos do país.
Quem opta por uma carreira acadêmica ganha no máximo R$ 5.000 mensais. Nos Estados Unidos, essa remuneração chega a US$ 10 mil e em países como França e Alemanha os salários são 30% superiores aos do Brasil.
Falta de regulamentação
Segundo Palis, o problema da remuneração está ligado a um outro entrave da área: a falta de regulamentação da profissão. Com isso, não há um piso salarial.
"É um absurdo. A profissão de estatístico é regulamentada e a de matemático não é", diz Márcio Soares, 44, presidente da SBM (Sociedade Brasileira de Matemática).
Mas, de acordo com Palis, os matemáticos estão se mobilizando para que saia a regulamentação. "Nós iniciamos uma campanha pela regulamentação."
A regulamentação poderia criar mais oportunidade de trabalho, de acordo com Soares. "Por enquanto, posso dizer que as universidades do interior são as que oferecem mais trabalho."
Também costumam existir vagas, segundo ele, em escolas privadas. "A realidade, nesse caso, é a mesma enfrentada por professores de outras disciplinas. A carreira acadêmica, historicamente, não é bem remunerada."

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