São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
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Sofisticação e pobreza se chocam em Jacarta

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL A JACARTA

Jacarta, capital da Indonésia, o quarto país mais populoso do planeta, espelha os contrastes típicos das metrópoles asiáticas cobertas nos últimos anos pelo manto do acelerado desenvolvimento econômico.
Centros financeiros fervilhando, lojas que oferecem consumo com sofisticação de Primeiro Mundo e um trânsito congestionado pela multiplicação incessante de carros convivem com bolsões de pobreza, lembrança dos tempos pré-milagre econômico e de uma distribuição de renda desequilibrada.
São sinais evidentes de um crescimento econômico que, segundo dados do governo, registrou média anual de 7% nos últimos 25 anos.
A área conhecida como "triângulo dourado" simboliza a prosperidade de um país em busca do título de "tigre asiático", seguindo os passos dados em décadas passadas por Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul.
Mas a Indonésia vislumbra ainda um longo caminho a percorrer para atingir o padrão de vida dos primeiros "tigres asiáticos". Uma caminhada por regiões centrais de Jacarta começa a desvendar o caos que castiga diversas metrópoles do continente, como Bancoc e Pequim.
Carros, com os triciclos motorizados como coadjuvantes, despejam fumaça e poluição nesta cidade de mais de 9 milhões de habitantes. A capital já recebeu o rótulo de um "pesadelo ambiental".
Enquanto a cidade tem um centro financeiro altamente informatizado, no porto de Sunda Kelapa os barcos recebem seu carregamento das mãos, ou dos ombros, de trabalhadores que não contam com nenhum tipo de máquina para facilitar sua tarefa.
Embarcações chegam do norte do país com madeira para a exportação. Os trabalhadores descarregam as toras, enquanto um outro exército de carregadores se prepara para encher o porão do barco com sacos de cimento, para ser levado na viagem de volta.
Foram esses contrastes o foco do trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado na cidade, que aparece nesta página e nas seguintes.
Salgado, o mais importante fotógrafo documental da atualidade, nasceu em Minas Gerais e vive atualmente em Paris. Formado em economia, se tornou célebre pela abordagem social que dá a suas obras -ele já fotografou, por exemplo, operários em campos de petróleo do Oriente Médio, garimpeiros em Serra Pelada (sul do Pará) e vítimas da fome que assolou a Etiópia na década de 80.
Atualmente, Salgado se dedica a registrar o movimento de populações -série da qual este trabalho faz parte. Ele já fotografou, por exemplo, a chegada de imigrantes da ex-URSS aos EUA, o deslocamento de refugiados no então Zaire e a movimentação de ex-iugoslavos durante a guerra da Bósnia.

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