São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
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Instituto Butantan; Acusações ao PT; Propaganda polêmica; Renda mínima; Cerco a Cuba; Jogo violento; Políticos e chimpanzés; Distorções

Instituto Butantan
"Contrastando com seu passado de glória, o Instituto Butantan atualmente se encontra em total abandono científico e cultural e com medíocre produção de imunobiológicos e quimioterápicos.
O declínio na produção de soros antiofídicos foi tão grande que é impossível consegui-los, mesmo em caráter de urgência.
Diversos produtos tiveram sua produção interrompida gradativamente, paralelamente a uma produção científica pobre, que impediu a publicação regular de suas duas revistas científicas, 'Memórias do Instituto Butantan' e 'Coletâneas do Instituto Butantan'.
O seu ex-diretor Isaias Raw, que pretendia se eternizar no cargo, é responsável pela crise que o instituto atravessa. Dentro de seu profundo desconhecimento, pretendeu nos atingir, quando, na Folha (26/5), se expressa: 'Os lagos aterrados na área do instituto foram artificialmente criados pelo dr. B. Soerensen, com desmate, e eram uma coleção de água poluída, um criadouro de mosquitos, que reunia marginais consumindo narcóticos, de onde partiam para atacar visitantes e funcionários. Era um problema de segurança e saúde pública'.
A área dos lagos constituía o 'parque de saúde pública', com exposição de equipamentos antigamente utilizados na fabricação de vacinas e soros. Encontrava-se totalmente gramada e arborizada, sendo posteriormente abandonada, saqueada e totalmente destruída, transformando-se num matagal de 27 alqueires em plena cidade. Eu diria: que belo exemplo de diretoria e governo que, sem nenhuma sensibilidade para seu povo, transformaram o seu maior centro de pesquisas em criadouro de mosquitos, ainda fomentando reunião de marginais. Os referidos lagos foram posteriormente aterrados, praticando-se um crime ecológico.
Infelizmente, seu ex-diretor, impermeável à cultura e propenso a ocupações mercantilistas, sacrificou o nosso instituto, esquecendo que se trata de instituição tombada como patrimônio histórico."
Bruno Soerensen, ex-diretor-geral do Instituto Butantan, diretor da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade de Marília (Marília, SP)

Acusações ao PT
"Pergunto-lhes: basta filiar-me ao PT para morar de graça e/ou obter uma pequena ajuda do sindicato dos trabalhadores para a compra de moradia?"
José Roberto de Pádua (São José dos Campos, SP)

Propaganda polêmica
"O artigo assinado por Marilene Felinto 'Propaganda e ética: conselho de comadres' (Folha, 3 de junho), é fascistóide, grosseiro, arrogante e desinformado. A articulista abusou do privilégio da tribuna jornalística para reduzir a 'conselho de comadres' o Conselho de Ética do Conar. Foi descortês com a conselheira Arleti Gonçalves, profissional competente e íntegra que se atreveu a pensar diferentemente da jornalista -desce até a argumentozinho de debate ginasiano, ao se deter em questões de estilo e ortografia. Nem se preocupou em conhecer a instituição: não conhece e não gosta. Ética?
O Conar é respeitado pela imparcialidade das suas decisões. Recomenda e obtém a sustação de aproximadamente metade dos anúncios e comerciais objeto de reclamações que lhe chegam, por possível infração à ética. Seu Conselho de Ética é formado por membros indicados livremente pelas associações de anunciantes, veículos de comunicação e agências de propaganda e por representantes da sociedade, como advogados, engenheiros -e jornalistas, colegas de dona Marilene. Comadres?
Diretores da Folha, representando a Associação Nacional de Jornais, participam e sempre participaram do Conselho Diretor e do Conselho de Ética do Conar. Dona Marilene deveria saber que eles não aceitam fazer parte de conselhos de comadres."
Ivan S. Pinto, presidente do Conar, Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (São Paulo, SP)
*
"Nós, da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana, também condenamos o anúncio que suscita os homens a assediar as mulheres contra seus desejos, bastando que o homem deseje."
Oswaldo M. Rodrigues Jr., diretor do instituto H. Ellis (São Paulo, SP)

Renda mínima
"O projeto de renda mínima do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é fundamental para melhorar a escolaridade dos brasileiros a longo prazo. Seria vantajoso para as famílias pobres manter os filhos na escola, mediante ajuda financeira. O custo inicial é alto, mas, em vista do que o governo desperdiça com falcatruas, fisiologismo, benefícios imorais e com sua famosa inépcia, esse dinheiro traria benefícios a quem paga a conta: o povo. Também aumentaria a capacitação da mão-de-obra no Brasil, que é baixíssima.
Chega de Estado paternalista. É preciso ensinar a pescar. A demora do Congresso em votar o projeto mostra bem por quem somos representados."
Sérgio dos Reis Pereira (Curitiba, PR)

Cerco a Cuba
"A respeito da carta 'Cerco a Cuba' (25/5): vítima do 'inferno do comunismo' no Leste Europeu, o sr. Kosta Vatef deveria ter uma sensibilidade maior para compreender a violência e a insanidade que as forças imperialistas, tão irracionais como o 'camarada Tito', impõem ao povo cubano."
Maria do Carmo Luiz Caldas Leite (Santos, SP)

Jogo violento
"Será que agora a crônica esportiva paulista passará a dizer que o time do Palmeiras joga violento, como falava do Grêmio na época de Luiz Felipe?"
Enildo Diniz Caldeira (Porto Alegre, RS)

Políticos e chimpanzés
"Um chimpanzé treinado poderá ser deputado? Sim. Basta que ele olhe para seu treinador (líder) e que lhe seja enviado um sinal para apertar a tecla verde (sim), laranja (abstenção) ou vermelha (não). Ah! Ato contínuo, dar-lhe uma bela banana por ter votado certo. Afinal, a banana custa bem menos ao contribuinte que R$ 200 mil.
Tenham certeza de que o resultado de qualquer votação importante para o futuro do Brasil, hoje realizada por bípedes, não será diferente das elaboradas por quadrúpedes. Afinal, somos ou não somos o país das bananas?"
Jair Bolsonaro, deputado federal pelo PPB-RJ (Brasília, DF)

Distorções
"Sobre o artigo 'Esquerda, volver!' (11/5), de Marcos Augusto Gonçalves: as palavras do Editor de Domingo procuram mostrar imparcialidade. Contudo, o conjunto do texto (sobre o filme 'O Que é Isso, Companheiro?') parece ter sido escrito por algum escriba representante do regime militar.
Ao mesmo tempo em que o autor afirma ter 'todo respeito à dor das famílias e à memória dos que morreram', não hesita em declarar que os 'companheiros revolucionários (...) detêm o monopólio da história'.
Ora, tal declaração constitui verdadeiro desrespeito aos que ousaram enfrentar o regime militar, além de representar uma aleivosia do editor, que parece viver na época do AI-5!"
Rubim Santos Leão de Aquino (Rio de Janeiro, RJ)

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