São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
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Bebida de inverno

PAULO FERRETTI

Calvados é destilado francês à base de maçã que rivaliza com o Cognac
O inverno, que oficialmente começa no final do mês, modifica o consumo de bebidas nos bares e restaurantes da cidade. O chope e a caipirinha, tradicionais aliados do verão, são substituídos por vinhos e destilados, principalmente os brandies (Cognac, Armagnac).
Também incluído entre as bebidas de inverno, o Calvados, de origem francesa, se assemelha e rivaliza com o Cognac. Não se trata de um destilado à base de uva, mas sim de maçã.
Seu nome provém do local onde é produzido, à noroeste da França, região da Normandia. A tradição conta que "Calvados" vem do galeão espanhol "El Calvados", integrante da "Invencível Armada Espanhola" que, no século 16, rumo à Inglaterra, teve seu fim trágico ao ser apanhado por uma terrível tempestade.
O "El Calvador" naufragou próximo à costa francesa e deu seu nome à região. Os primeiros registros de um destilado à base de maçã são de autoria de Gilles de Gouberville em 1553, na vila de Mesnil-en-Val, Normandia.
O processo de produção do Calvados se inicia com a obtenção da cidra (fermentação da maçã). A fase seguinte é a destilação. Por duas vezes, a bebida passa por alambique tipo Charentais (os mesmos utilizados em Cognac), resultando um líquido incolor, com alto teor alcoólico.
Para levar o nome Calvados, o destilado deve envelhecer ao menos dois anos em tonéis de carvalho. Os mais refinados chegam a 25 anos de envelhecimento. Durante esse período, sua graduação alcoólica diminui (entre 40% e 50% G.L.), e ele adquire a cor âmbar, emprestada pelo carvalho dos tonéis.
O Calvados possui regulamentação quanto à localização, aos métodos de produção e às espécies de maçã selecionadas.
São dez áreas delimitadas que possuem a autorização de produzir o "Calvados appelation règlementée". Existe somente uma classificação superior. É a "Calvados appellation Pays D'Auge contrôllée".
O Calvados é tomado pelos normandos três vezes ao dia, de três maneiras diferentes. No café da manhã, é bebido em um pequeno cálice, para "despertar". Em vez do chá da tarde, toma-se uma dose maior, de uma vez só, o "trou normand" (buraco normando), que "abre o estômago para o jantar".
Após a ceia, o Calvados é degustado como o Cognac, em copos bojudos. Aquecido pelo calor das próprias mãos, libera todo o seu aroma e pode ser apreciado lentamente, de preferência diante de uma lareira e bem acompanhado.

ONDE ENCONTRAR Calvados Busnell ("appellation Pays D'Auge contrôllée): R$ 73,78, no Empório Santa Maria, av. Cidade Jardim, 790, Jardim Europa, tel. 816-4344. Calvados Boulard ("appellation Pays D'Auge contrôllée): R$ 84, na Casa Santa Luzia, al. Lorena, 1.471, Jardins, tel. 883-5844.

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