São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
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Guerra das Estrelas - O Retorno

MARCELO MANSFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como retorno, entende-se pegar uma pessoa que fez sucesso algum tempo atrás, mudar a cor do cabelo, alargar a cintura dos vestidos, mostrar a "retornante" junto à família (motivo maior do seu longo afastamento público) e infernizar a imprensa com bateladas de informações sobre a pobre coitada da vítima.
Sílvio de Abreu é o campeão dos retornos. Graças a Deus. Todas as suas novelas trazem uma curiosidade, seja nos tempos do teatro de revista, do cinema ou da própria TV. Lolita Rodrigues ganhou novo impulso e muito sucesso, marcando presença em várias novelas do autor.
Carmem Verônica causou furor em "Deus nos Acuda". Depois disso, sumiu de novo. Seu novo retorno, em "As Tias" foi cancelado. Pobre do público, que perde uma mulher como ela para atrizes de talento e sensualidade duvidosa, cuja única vantagem é mostrar na "Playboy" o talento que não conseguem mostrar vestidas.
Na mesma novela, Adelaide Chiozzo deixava sua sanfona nos velhos filmes da Atlântida para contracenar com Aracy Balabanian, que tinha um retorno diferente: quem voltava do ostracismo era seu personagem, dona Armênia, acompanhada de "suas filhinhas".
Para terminar, Maria Cláudia aparecia para recuperar seu trono perdido de estrela da Rede Globo. Mas acabou não emplacando.
No momento, a vítima do retorno é Suzana Gonçalves. Sua volta foi anunciada nos quatro cantos do país. Parecia até que Papai Noel em pessoa iria trazê-la dos confins da sua vida doméstica para os olhos saudosos do público.
Suas fotos ao lado do marido, dos filhos, de suas antigas participações na TV, o que faz, o que come, como dorme, como acorda, tudo foi minuciosamente especulado. Numa versão mais amena de "O que Teria Acontecido a Baby Jane", fotografaram-na ao lado da irmã famosa, também Suzana, em todas as poses pouco criativas que esse tipo de reunião de família propõe: abraçadinhas, no colinho, no lanchinho, estudandinho o textinho juntinhas etc.
Nunca deixando escapar que Blanche (Vieira) se apropriara do nome de Baby Jane (Gonçalves) em troca do seu original Sonia. Coisas da imprensa, que adoram provocar uma briga de família.
Aliás, por causa de suas inúmeras brigas em família, Vera Fischer é a campeã dos retornos. Cada vez que ela tranca o barzinho da sala de visitas, cura uma ressaca ou atira as roupas do ex-marido pela janela do apartamento sua volta é anunciada.
Vera volta. Vera foi para o spa. Vera isso. Vera aquilo. Vera bate. Vera apanha. Vera perde o sutiã. Vera acha a calcinha. Vera faz plástica. Vera desce porrada na vizinha com seus novos peitos.
A coisa é um bem estudado espetáculo para aumentar a audiência até o próximo escândalo. Mas, quem se importa?
É Vera Fischer, por Deus. E graças a Deus! Se o público gostasse de gente careta, Natália Lage não precisaria ser levada pro espaço...

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