São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Christian pilota hoje no lugar do 'clone'

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT

Os pilotos brasileiros Christian Fittipaldi, 26, e Roberto Moreno, 38, vivem situações inversas.
Recuperado do acidente que sofreu em abril, Christian retorna hoje ao volante do carro vermelho da Newman-Haas, ocupado por Moreno durante sua ausência.
As perspectivas de ambos são diferentes. Enquanto Moreno trabalha para conseguir patrocínio e voltar à categoria em 98, Christian tenta salvar o ano, obtendo sua primeira vitória na Indy.
Os testes abertos da Cart (entidade que dirige a Indy) em Mid-Ohio, hoje e amanhã, são fundamentais para o futuro de Christian, que sofreu três fraturas na perna direita e ainda anda com ajuda de muletas.
"Só vou saber se estou 100% quando estiver dentro do carro, sentindo as vibrações", disse.
Christian e Moreno falaram à Folha pouco antes do GP de Detroit, no domingo.
*
Folha - Moreno, o que significou para você pilotar na Newman-Haas, uma das equipes mais bem estruturadas da categoria?
Roberto Moreno - Foi a melhor oportunidade que apareceu para mim na Indy. Foi fantástico, porque eu estava precisando disso. Fazer resultados e aparecer numa equipe com pouca verba é muito difícil. Embora tenha que deixar esse lugar, estou muito feliz, pois o Christian está de volta.
Folha - Christian, como você está voltando? Como foi essa espera?
Christian Fittipaldi - Não estou com pressa. Quero voltar bem, de uma maneira competitiva. Se eu sentir que não estou preparado, ligo para o Carl Haas (sócio-proprietário da equipe) e peço para ele esperar mais um pouco. Vou guiar o carro esta semana e, se estiver confortável, vou correr em Portland (nona etapa da temporada, dia 22 de junho). Mas se eu não estiver confortável, o meu clone, o Roberto, vai correr até a hora em que eu ficar bom.
Folha - Quais são os objetivos de vocês para o resto do ano?
Christian - Eu queria ganhar uma corrida. Vai ser muito importante para mim. É algo que estou querendo faz tempo. No ano passado, escapou duas vezes.
Moreno - Minha realidade é, talvez, fazer umas provas de IMSA, que é uma categoria européia nos EUA. Pilotar para a Newman-Haas está me ajudando a conversar com outras equipes da Indy. Acho que serão abertas duas vagas em 98. Vou tentar me encaixar em uma delas.
Folha - Você já sofreu algum acidente semelhante ao do Christian?
Moreno - Para machucar assim, só de motocicleta, quando eu tinha 17 anos...
Christian - Não dá para comparar. Quando você é novo, o osso se recupera mais rápido. Quando você tem mais de 25 anos, entra na categoria velho e leva mais tempo para ficar bom.
Folha - Durante sua recuperação, você pensou em parar de correr?
Christian - Depois da batida eu fiz uma análise, ainda na Austrália. Sem dúvida, eu tive muita sorte. Quando você vê sua batida na TV, começa a pensar no que fazer. Se você não tem mais aquele sentimento em relação ao carro, aquela chama, é melhor parar. Não é meu caso. O automobilismo é muito importante na minha vida.
Folha - Moreno, como você passa o carro para ele?
Moreno - Tá quentinho... Nesse tempo em que o Christian ficou fora, houve um desenvolvimento muito grande no carro. No começo do ano, a equipe tinha um conhecimento limitado. Hoje, eles são capazes de mexer muito mais no carro. O Christian vai ver que ele está muito mais rápido, principalmente nos mistos. Ele vai encontrar um nível técnico alto.

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