São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Fracasso da turnê empurra U2 para o Brasil

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

O público brasileiro fã do U2 deve receber uma boa e uma má notícia nas próximas semanas.
A boa é que o conjunto irlandês pode antecipar suas apresentações no Brasil para o final deste ano.
A princípio, os shows estão agendados para o fim de janeiro, em São Paulo e no Rio, mas agora é possível que aconteçam em dezembro.
A má notícia é que a razão da possível antecipação é o fracasso experimentado pelo grupo nas primeiras apresentações nos Estados Unidos de sua turnê PopMart.
Iniciada em abril, com um show em Las Vegas, a turnê comemora o lançamento de "Pop", o novo álbum do conjunto.
O espetáculo usa e abusa de efeitos especiais computadorizados, defendendo a teoria de que a arte é idêntica a qualquer produto de supermercado, algo simplesmente para ser vendido e comprado.
Imagens das obras de artistas pop como Andy Warhol e Roy Lichtenstein fazem parte do show, "ilustrando" as músicas do conjunto.
O público norte-americano, porém, não tem se mostrado atraído muito pelo grupo irlandês.
Na semana passada, por exemplo, quando três apresentações do U2 estavam agendadas para o Giants Stadium, em Nova Jersey, apenas a primeira performance teve seus ingressos vendidos antecipadamente. A segunda e a terceira ficaram às moscas.
Desanimados com o resultado, a Folha apurou que os organizadores do PopMart estão refazendo a programação do conjunto.
O número de espetáculos deve ser reduzido de 80 para 64. Com isso, a turnê deve viajar mais cedo para a América Latina, onde os organizadores confiam que terão maior audiência.
"O problema é que o público ainda não se acostumou às novas músicas do U2 e fica só pedindo as antigas", justificou Jake Kennedy, um dos responsáveis pela turnê do grupo irlandês.
"Não tenho dúvidas de que PopMart vai embalar, porque é mais do que um simples show musical, é um espetáculo de outro mundo", diz ele.
Kennedy esqueceu de dizer, no entanto, que, além de um "espetáculo de outro mundo", os custos do evento são bastante elevados.
Só o telão de 57 metros de comprimento por 19 de altura, apresentado como o maior do mundo pelos organizadores, custou US$ 6 milhões.
O arco dourado de 33 metros de altura, que lembra o símbolo do McDonalds, e o globo de espelho de 13 metros de diâmetro, totalizam US$ 1,6 milhão.
Com salários e transportes, são gastos US$ 214 mil por dia. Os demais custos operacionais chegam à casa dos US$ 125 mil diários.
No total, após 14 meses de apresentações, o conjunto imaginava consumir cerca de US$ 180 milhões. Se reduzir a turnê, que inicialmente iria até junho de 1998, os gastos podem cair um pouco.
Apesar dos problemas enfrentados nos três primeiros meses de PopMart, Paul McGuiness, empresário do U2, afirmou que "não existe a mínima possibilidade de a turnê acabar no prejuízo".
Mesmo com a venda de ingressos estando abaixo da expectativa, McGuiness declara que o álbum do conjunto tem tido ótima procura.
"Em 29 países estamos em primeiro lugar entre os mais vendidos e nos aproximamos do primeiro milhão de cópias vendidas", diz McGuiness.
O empresário se nega a definir a turnê como um fracasso. "Ela está apenas no começo e vai esquentar até 1998, quando o U2 completar 20 anos. Só depois de julho, quando chegar à Europa, poderemos avaliar melhor."

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