São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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França rejeita pacto de estabilidade

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL*

França e Alemanha entraram ontem em curso de colisão em torno do euro, a moeda única que os 15 países da UE (União Européia) planejam lançar já a partir de 1999.
O novo ministro francês de Finanças, Dominique Strauss-Kahn, em meio a juras de amor pela austeridade orçamentária, um dos requisitos centrais para a criação da nova moeda, insinuou que seu governo não está disposto a aceitar o chamado "pacto de estabilidade", pré-requisito para a moeda única.
O pacto prevê, entre outros pontos, multas pesadas aos países que tiverem déficits fiscais elevados, depois da adoção do euro.
Strauss-Kahn disse, durante reunião dos ministros de Economia da UE, em Luxemburgo, que "é indispensável a disciplina orçamentária". Emendou, porém: "Mas uma política econômica não pode se limitar só a esse aspecto".
O aspecto que falta, segundo os socialistas franceses, agora no governo, é um programa conjunto de combate ao desemprego, que, na França, atinge um recorde histórico de 12,8% da força de trabalho.
Já o governo alemão, embora também enfrente recorde de desemprego, põe toda a ênfase na disciplina orçamentária, ou, mais exatamente, no respeito à meta de déficit público não superior a 3% do PIB -o limite imposto pelo Tratado de Maastricht, que estabeleceu os critérios da moeda única.
"Quem aceita 3,3% de déficit, acabará aceitando 4% de outros países. Não creio que isso seja aceitável. Há uma só cifra no tratado da UE, e é 3%", fulmina Theo Waigel, ministro alemão de Finanças.
Mas, na própria Alemanha, as dúvidas sobre a possibilidade de o país cumprir a meta dos 3% estão causando uma crise política na coalizão governante, formada pela Democracia Cristã do chanceler Helmut Kohl e pelos liberais do Partido dos Democratas Livres.
Os dois grupos divergem sobre as medidas orçamentárias necessárias para conter o déficit, hoje pouco superior a 3% do PIB. As divergências teriam levado Kohl a ameaçar por quatro vezes renunciar no fim-de-semana, disse o jornal "Hamburger Morgenpost".
Nas ruas (ou, mais exatamente, nas estradas), a agitação se dá por motivos colaterais: a falta de regras harmônicas entre os 15 países da UE para o trabalho de camioneiros. Ontem, eles ergueram barricadas nas fronteiras da França com todos os seus vizinhos. Consequência: congestionamentos de não menos de 1,5 km em cada passagem fronteiriça. É um sinal que reforça a pregação de Strauss-Kahn em favor de uma política econômica que não se limite à austeridade orçamentária.

*Com agências internacionais

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