São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997
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Acusado de tráfico é preso na Bahia

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Policiais do Rio prenderam anteontem, em Salvador (BA), Arnaldo Gonçalves dos Santos, o Naldo, 28, acusado de integrar um grupo de traficantes de drogas que teria assumido os negócios de Helena Gomes, 62, conhecida como a "vovó do pó".
Presa em dezembro passado e condenada a 28 anos de prisão, Helena Gomes controlaria a maior parte do tráfico de drogas em favelas dos municípios de São Gonçalo e de Niterói, às margens da baía de Guanabara.
Em meio à disputa pelo controle do tráfico nos dois municípios, após a prisão da "vovó do pó" e de seus filhos Luís Carlos Gomes e Paulinho Madureira, Naldo teria participado, segundo a polícia, de uma chacina de cinco pessoas em Niterói, há um mês.
O inspetor da delegacia regional Metropol 7 Cícero de Farias, que liderou os policiais que prenderam Naldo em um hotel em Salvador, na praia de Itapoã, disse que ele se aliou a traficantes do Rio que pretendiam controlar pontos-de-venda de drogas em favelas de Niterói.
Negativa
Naldo nega envolvimento com o tráfico.
Ele é acusado de controlar o tráfico em morros de Niterói com o irmão, Antônio Jorge Gonçalves dos Santos, o Toni, 27. Os dois seriam integrantes da facção criminosa Comando Vermelho.
Segundo Farias, membros do Comando Vermelho que atuam nas favelas cariocas do Borel, Turano e Andaraí, na zona norte, teriam se aliado ao grupo de Naldo e Toni no combate a traficantes da facção rival conhecida como Terceiro Comando.
"Eles querem montar uma grande família em Niterói", disse Farias. Policiais da Metropol 7 e da Cinap (Coordenação de Inteligência e Apoio Policial) estavam à procura de Naldo desde a chacina em Niterói.
Seguindo pistas
Segundo Farias, informantes disseram que Naldo havia ido para a Bahia, com a mulher e a filha. Quatro policiais seguiram de carro até Porto Seguro, onde Naldo se hospedou inicialmente. Depois, foram para Salvador.
Por volta das 18h30 de anteontem, deram voz de prisão a Naldo, que entrava com a família no saguão do hotel Catussaba, após um tour pela ilha de Itaparica, em Salvador.
Segundo Farias, Naldo não estava armado e ficou surpreso com a presença no hotel dos policiais do Rio. "Como é que vocês chegaram aqui? Não acredito", teria dito o suposto traficante.
Naldo disse aos repórteres que já teve "envolvimento com o tráfico", mas que se afastou.
Ele afirmou estar desempregado. Segundo ele, a viagem para Salvador, onde pagava uma diária de R$ 100, foi um presente do pai, que seria pescador.

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