São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ladrões agridem pichadores

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

"Pichador é bicho insuportável e emporcalha a cidade, por isso ladrão bate em pichador", disse Max, 22, desde os 9 anos na rua.
Max (o nome foi trocado porque ele se diz ameaçado pela antiga turma) disse que já participou de várias gangues de trombadinhas no centro de Belém e hoje tenta se livrar do vício da cocaína em uma entidade de recuperação.
Ele disse já ter perdido a conta das brigas em que se meteu, sobretudo contra gangues de pichadores. "Ladrão odeia pichador e vice-versa. Se a gente se encontra, é porrada certa", disse Max.
Segundo ele, há "uma certa ética" entre os ladrões que não existe entre os pichadores. "Pichador gasta dinheiro com tinta para sujar a cidade e a casa dos outros. O ladrão rouba, porque precisa, mesmo que seja para a droga."
O rapaz mostrou nove grandes cicatrizes pelo corpo, provocadas por brigas. Há cortes com latas e facas e pancadas, segundo ele, provocadas por pedaços de pau, correntes e coronhadas.
A gangue de Max furtava no mercado do Ver-o-Peso, centro de Belém, e os turistas estrangeiros eram os alvos preferidos. "Batia carteira, roubava relógio, pulseira e colar", declarou ele.
Já correndo, os rapazes passavam entre si o produto roubado e entravam nos esgotos do mercado. Dentro da galeria subterrânea, eles dividiam o roubo. "Depois a gente vendia o ouro ali mesmo, nas travessas perto do mercado", afirmou. (ESTANISLAU MARIA)

Texto Anterior: Escola é alvo preferido em PE
Próximo Texto: Família de estudante morto recebe ameaça
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.