São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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PR dá US$ 300 mi para ter 40% da Renault

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Paraná vai injetar até US$ 300 milhões na Renault, dentro de sete anos, para ter participação de 40% no capital da montadora, segundo contrato firmado entre a empresa e o governo estadual.
Ontem, o governo do Paraná entregou à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado um documento com as linhas gerais do protocolo em que o Estado concederá vantagens para a instalação da fábrica de automóveis Renault no município de São José dos Pinhais (PR).
Além da injeção de capital, a Renault vai receber benefícios fiscais e um empréstimo concedido pelo Fundo de Desenvolvimento Econômico do Paraná.
Pelo protocolo, a montadora ficará quatro anos sem pagar ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Vencida essa carência, a empresa começará a recolher o imposto atrasado, com correção monetária, em 48 parcelas.
Quando começar a recolher o imposto cujo pagamento foi adiado, a montadora terá direito ao empréstimo concedido pelo Fundo de Desenvolvimento Econômico.
O governo do Paraná não revelou o valor desse financiamento, informando apenas que ele será calculado com base no faturamento da montadora.
Sobre o prazo de pagamento, o documento entregue ontem ao Senado afirma apenas que o empréstimo será "pelo período de dez anos".
Segundo balanço da Renault publicado no "Diário Oficial do Paraná", esse "período de dez anos" significa que somente em junho de 2006 a montadora começará a pagar o empréstimo.
O balanço da montadora informa ainda que, nesse período, não haverá juros nem correção monetária. Essa informação também não consta do documento entregue ao Senado.
O governo do Paraná afirma ainda que o valor das parcelas do empréstimo nunca será superior ao imposto estadual pago pela montadora.
Delegação
Ontem, uma delegação com cerca de 150 empresários paranaenses conversou com membros da CAE para tentar convencê-los a suspender um embargo ao Estado.
Em maio, os senadores aprovaram a suspensão da análise de US$ 486 milhões em financiamentos internacionais ao Estado, até que seja fornecida cópia do protocolo assinado com a Renault.
"Estão discriminando o Paraná. Todos os Estados fizeram acordos semelhantes, mas só o Paraná está sendo perseguido", disse o secretário de Governo de Curitiba, Marcos Isfer.
Um dos autores do requerimento que impôs o embargo ao Paraná, senador Roberto Requião (PMDB-PR), afirmou que a caravana foi organizada por lobby de empreiteiros que vão se beneficiar com a liberação do financiamento internacional.
Os empresários paranaenses se deslocaram para Brasília em um Boeing 727, com 168 lugares, que foi fretado junto à Fly Companhia Aérea.
Isfer disse que o fretamento foi pago pelo Sinduscon-PR, o sindicato da construção civil do Paraná, mas as despesas serão rateadas posteriormente por entidades da sociedade civil.

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