São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997 |
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Kuerten vende para jovens e 'naturebas'
MARTA AVANCINI
Quem afirma é o manager de Kuerten, o venezuelano Jorge Salked, 45, responsável pela administração da carreira do tenista desde que ele entrou no circuito profissional, em 1994. Para viabilizar esse projeto, uma equipe de uma empresa norte-americana especializada na exploração da imagem comercial de atletas de alto nível ligada ao Inter Public Group está cuidando dos novos rumos da carreira de Gustavo Kuerten. O grupo é ligado à agência de publicidade Lintas e tem como clientes os também tenistas Michael Chang, norte-americano o número dois do mundo no masculino, e Steffi Graf, alemã três no feminino. O plano de mídia para Kuerten deve ficar pronto até o início do torneio de Wimbledon, o mais tradicional do circuito mundial, que acontece na Inglaterra entre 23 de junho e 6 de julho, e será submetido à aprovação do tenista. Para Salked, os rendimentos de Kuerten dentro dessa nova fase poderão ser comparados ao de Chang, que chega a ganhar mais de US$ 4 milhões ao ano. Sempre acompanhado de um celular, que usa constantemente, Salked sempre está por perto de Kuerten. Ele é o homem que, ao lado do treinador Larri Passos, cuida da agenda do tenista. Leia a entrevista que Salked concedeu com exclusividade à Folha em Bolonha, na Itália, onde o brasileiro disputa torneio. (MA) * Folha - Como a vitória de Gustavo Kuerten em Roland Garros interferiu na carreira dele? Jorge Salked - Precisamos nos adaptar à nova fase, ao "boom" que está se criando em torno dele. Tínhamos confiança em seu potencial, mas não esperávamos que fosse acontecer tão rápido. Folha - Vocês já foram procurados por empresas interessadas em patrocinar Kuerten depois da vitória em Roland Garros? Salked - Algumas empresas brasileiras já fizeram contato conosco. Acho que entre cinco e dez, não estou bem certo. Ele já é patrocinado pelo banco Real, e há outros bancos interessados. Outras empresas grandes, como a Brahma, também nos procuraram. Mas as possibilidades estão sendo analisadas com cuidado, precisamos planejar. Não podemos nos precipitar porque é a imagem dele que está em jogo. Também estamos estudando uma associação com alguma empresa estrangeira. Folha - Alguma empresa internacional já procurou vocês? Salked - Ainda não, mas temos uma equipe que está cuidando disso. O planejamento de mídia de Gustavo deve ficar pronto até o torneio de Wimbledon, que começa no próximo dia 23. Folha - Quais as linhas gerais desse planejamento? Salked -Queremos associar a imagem de Guga com uma empresa de produtos naturais ou para jovens. Esse é o perfil de empresa que tem a ver com a personalidade. Ele é muito espontâneo, e as crianças o adoram. Precisamos cuidar disso para evitar que ele cometa excessos. O tempo reservado à imprensa, por exemplo, deve diminuir de uma hora por dia para cerca de 20 minutos. Folha - Como vai ser possível lidar com a espontaneidade de 'Kuerten, já que ele tem o costume de não negar nada para ninguém? Salked - É por isso que o planejamento tem de ser bem feito. Temos que saber dosar as coisas para não descaracterizá-lo. Nós não estamos falando de um produto, e sim de uma pessoa, que tem uma personalidade. Não é só dinheiro, temos que proteger a imagem do atleta. Folha - Mas como fazer isso, agora que o assédio aumentou e só tende a piorar? Salked - Estamos reestruturando a rotina dele para que ele possa treinar, jogar, atender à imprensa e aos fãs. Ele não pode sair de sua rotina, por isso resolvemos manter a agenda e vir para este torneio. Se ele voltasse para casa agora, o ritmo quebraria, e seu rendimento diminuiria. Só um atleta vencedor é uma estrela, um perdedor não. Folha - Quanto representa os patrocínios nos rendimentos de um atleta do porte de Kuerten? Salked - Tudo depende do quanto ele faz no ano, dos prêmios. O importante é manter a regularidade. Não adianta só ganhar. Texto Anterior: Mais um; Skysurf; Fera Brasil Próximo Texto: Brasileiro ganha bolonheses Índice |
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