São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Copperfield faz mágica e diverte

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Num certo sentido, mágica é tudo igual. É um truque que engana os olhos, dada a habilidade e rapidez de alguém. Mas, vão-se os anéis, e continuamos fascinados por ela.
A cada número de David Copperfield,no Ibirapuera, a platéia se entreolhava encantada e perguntava: "Como ele fez isso?".
Ele faz o que todos os grandes mágicos fazem: truques com cartas, some com objetos, faz mutações com o corpo, desaparece e reaparece em outro lugar, é serrado ao meio e levita.
Mas Copperfield é da era da eletrônica, e em seu show, "Sonhos e Pesadelos", a tecnologia do laser, vídeo e efeitos especiais serve de "escada" para o protagonista.
Seus truques são chamados de "clipes de mágica". O Ibirapuera foi dividido ao meio, para direcionar a visão do público. O locutor pede para serem desligados aparelhos eletrônicos e telefones celulares, como em um vôo.
Surge um Copperfield num elevador e, surpresa, brinca com a platéia, especialmente com os que chegam atrasados. Então, o público conhece uma outra faceta do mágico que anima as noites de domingo no "Fantástico".
Ele é engraçado, faz piadas, anda pela platéia, brinca com o tradutor simultâneo, faz jogos de palavras com a língua portuguesa.
O charme de Copperfield é que ele não se leva muito a sério. Diz, num dado momento, que os críticos reclamam que seus shows têm de ter mulheres bonitas, muita fumaça e vento nos cabelos.
Vira-se para a platéia e concorda: "Eles estão certos. Que entrem a mulher bonita, a fumaça e o ventilador".
Dá-se início ao mais instigante truque: ele "atravessa" o ventilador, vira fumaça e reaparece no meio do público.
A esta altura, conclui-se: ou ele tem um sósia, ou um irmão gêmeo, ou é mágico!
Copperfield utiliza-se de recursos seculares para criar empatia com a platéia. Faz uma piegas, mas sempre eficiente, homenagem ao avô, que lhe ensinou os primeiros truques com cartas e morreu antes do sucesso da carreira do neto -nos telões, fotos do avô.
Para dar clima ao grande final, "Voar", o mais longo "clipe de mágica", são exibidos, nos telões, filmes antigos de pessoas tentando voar com asas de papelão.
Chama um casal da platéia para certificar que "o truque não é truque". Finalmente, sai voando pelo palco. É evidente que existem cordas invisíveis. Faz-se de tudo para parecer que não existem cordas.
E o que mais se lamenta é que David Copperfield é um sujeito muito ocupado, pois bem que seria ótimo convidá-lo para animar a festa de aniversário da esposa ou do marido.

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