São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Estudo liga comportamento social a gene

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS; DA REDAÇÃO

Redação
Pesquisadores britânicos afirmam ter descoberto evidências da existência de um gene que governaria o comportamento social, diz estudo hoje na revista "Nature".
Os cientistas, do Instituto da Saúde da Criança, em Londres, estudaram mulheres que têm um distúrbio genético chamado síndrome de Turner, caracterizado pela falta de uma parte ou do cromossomo X inteiro.
O ser humano tem dois cromossomos sexuais -que determinam o sexo-, chamados X e Y.
Cromossomos são as estruturas celulares que carregam a informação genética, contida nos genes.
O sexo masculino é determinado pela presença, nas células, dos cromossomos X e Y. O feminino, pela presença de dois cromossomos X, um herdado da mãe, outro do pai.
Mulheres com a síndrome usualmente têm inteligência considerada normal, mas frequentemente têm problemas em aprender comportamentos sociais, como reconhecer sinais não-verbais.
Segundo David Skuse, um dos autores, mulheres com a síndrome são importantes para esse tipo de estudo porque ou elas recebem o seu único cromossomo X, do pai ou da mãe.
Assim, é possível observar diferenças entre o "comportamento" desses cromossomos, quer dizer, se cromossomos paternos funcionam diferentemente dos maternos. O que eles observaram é que as garotas que haviam recebido o cromossomo X de suas mães apresentaram, em testes, os maiores problemas, como o não-reconhecimento de sinais não-verbais.
Em garotas cujo cromossomo X foi herdado dos pais, a perda de "destreza" social foi menos acentuada. Segundo eles, isso se deve a um processo conhecido como "imprinting" genético, bem observado em camundongos, mas pouco no ser humano.
Ele funciona da seguinte maneira: quando duas cópias do gene são herdadas -uma do pai, outra da mãe-, apenas uma funciona.
Segundo os pesquisadores, o gene do comportamento social só funciona quando herdado do pai, mas não quando herdado da mãe. Isso explicaria por que as meninas que receberam o cromossomo da mãe apresentaram mais problemas nos testes.
Segundo eles, isso explicaria o fato de homens que recebem o seu único cromossomo X das mães serem mais susceptíveis ao autismo.
Segundo Skuse, a descoberta teria uma implicação prática. "Devemos pensar seriamente sobre ter uma educação social mais estruturada para garotos, comparado às garotas."Isso porque garotos necessariamente recebem o seu único cromossomo X de suas mães.

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