São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Presidente do Congo declara cessar-fogo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do Congo, Pascal Lissouba, ordenou ontem o início de um cessar-fogo unilateral na capital, Brazzaville, mas os combates continuaram por algum tempo.
Horas depois, quando os disparos já haviam diminuído, o ex-presidente Denis Sassou Nguesso anunciou que suas milícias também respeitariam a trégua.
Falando pela rádio de sua milícia, Sassou Nguesso disse que "as armas devem ser silenciadas", e que espera que "o outro lado, pelo menos desta vez, respeite seus compromissos". O líder da oposição afirmou que aderiu à trégua para que as eleições de 27 de julho possam ser realizadas.
Em declarações divulgadas pela rádio estatal, Lissouba tinha ordenado anteriormente "um cessar-fogo imediato para dar uma chance à mediação", acrescentando que "a paz deve ser o nosso primeiro objetivo".
Segundo um porta-voz de Sassou Nguesso, os soldados mantiveram os ataques contra seus milicianos (os "Cobras"), apesar da ordem do presidente.
Testemunhas confirmaram que os confrontos continuavam pelo sétimo dia consecutivo.
Houve disparos perto da sede da Presidência e balas atingiram uma base francesa perto do aeroporto.
Um correspondente da "Reuter" relatou ter visto tiros atingirem o Clube de Aviação, a apenas 20 m de um local onde centenas de civis esperavam para ser retirados da cidade.
Segundo fontes da Embaixada dos Estados Unidos em Brazzaville, a frente dos combates tinha mudado, e estava a dois quarteirões da representação diplomática dos EUA.
A França, de que a República Popular do Congo foi colônia, disse ontem que desde segunda-feira seus militares retiraram 1.778 estrangeiros -dois terços deles franceses- do país para o vizinho Gabão.
Segundo a porta-voz do governo francês Catherine Trautmann, a França vai mandar mais 400 soldados para o Congo, para uma possível retirada de todos os franceses do país. O número de militares franceses em Brazzaville passaria então a ser de 1.250.
Um avião militar dos EUA retirou ontem 30 norte-americanos e 24 outros estrangeiros da capital.
O porta-voz do Pentágono (Ministério da Defesa norte-americano), Ken Bacon, disse que cerca de 60 norte-americanos ainda estão em Brazzaville, entre eles 15 que trabalham na embaixada, que continua funcionando, apesar dos confrontos.
Desculpas
Na declaração divulgada pela rádio, Lissouba pediu desculpas ao povo da República Democrática do Congo (ex-Zaire), pelo obus disparado na segunda-feira em Brazzaville, que atingiu a capital daquele país, Kinshasa. As cidades são separadas apenas pelo rio Congo.
Ele prometeu indenizar qualquer prejuízo e disse que pretende restaurar boas relações com o país vizinho logo que for possível.

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