São Paulo, sábado, 14 de junho de 1997
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Angola pede intervenção da ONU

Líderes podem se reunir na Itália

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Governo e oposição em Angola se manifestaram ontem pela primeira vez sobre combates que têm ocorrido entre suas forças no nordeste do país. O governo pediu a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU) para "interromper intenções beligerantes" de seus oponentes, que se disseram prontos para negociar.
O líder do ex-grupo guerrilheiro e atual partido político Unita, Jonas Savimbi, anunciou que pode ir a Roma, capital da Itália, para se encontrar com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, que está em férias.
O governo denunciou mobilização de soldados e armas da Unita que "ameaçam o acordo de paz" assinado em novembro 1994 na Zâmbia para pôr fim a mais de 19 anos de guerra civil no país.
Mas observadores independentes vêm acusando o governo de vir atacando bases da Unita desde a queda do presidente Mobutu Sese Seko, no Congo, ex-Zaire. Mobutu era o principal aliado da Unita.
Os choques entre governo e Unita nas últimas três semanas foram os mais violentos desde a assinatura do acordo de paz.
Segundo a ONU, pelo menos 24 soldados do governo morreram nas batalhas.
O governo afirma só estar protegendo as fronteiras do país com o Congo para evitar que ex-soldados do Exército de Mobutu entrem armados em Angola.
A Rádio Nacional de Angola veiculou ontem entrevista com militares do Exército de Angola dizendo que a Unita está recebendo armamentos da Bulgária por meio de aviões DC-10.
Tropas da ONU
As tropas de verificação da ONU, das quais fazem parte cerca de 800 brasileiros, deveriam deixar o país em agosto.
Mas as Nações Unidas já decidiram mantê-las em Angola até setembro e, conforme os acontecimentos, poderão estender sua presença ainda mais.
A Unita passa por grandes divergências entre seus líderes. Alguns acham que é preciso fazer o partido se integrar mais no governo de união nacional empossado em abril último.
Outros defendem a continuidade da luta armada para manter os territórios, ricos em diamantes, sob seu controle no país.
(CELS)

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