São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Programa da Folha seleciona 11 trainees

Palestras começaram no dia 9

DA REPORTAGEM LOCAL

Onze trainees foram selecionados para a próxima etapa do 25º Programa de Trainees da Folha, que começou no último dia 9 e tem término marcado para 1º de agosto (veja os nomes abaixo).
Na última sexta-feira foi encerrada a primeira etapa, em que foram proferidas cinco palestras.
Os critérios para seleção foram o desempenho dos candidatos durante as palestras, avaliação de um texto sobre uma das palestras, além de dinâmicas de grupo.
O ciclo de palestras começou no dia 9 com a apresentação de Glenn McGee, professor do Centro de Bioética da Universidade da Pensilvânia (EUA), com o tema "Caso Dolly: a Imprensa e Seus Clones".
Ele criticou a cobertura da mídia norte-americana no caso da clonagem da ovelha Dolly, que, segundo ele, confundiu mais do que esclareceu. Dolly, disse McGee, não é uma cópia idêntica a sua "mãe", como saiu nos jornais. "Dolly é 20% maior do que sua 'mãe'."
"Nós não temos tecnologia suficiente para confirmar se os genes da Dolly são uma cópia ou não. Ninguém estava preparado para a clonagem", afirmou.
Elio Gaspari, colunista da Folha, falou dia 10 sobre "Como se Constrói uma Reportagem", explicando seus métodos na reportagem sobre a festa de aniversário dos 80 anos do economista Roberto Campos no Copacabana Palace e a chegada dos sem-terra a Brasília.
Gaspari disse que tentou fugir do paralelo óbvio, que seria a riqueza da festa e a pobreza dos sem-terra. "Isso eu não queria. Procurei um personagem que tinha nascido em Mato Grosso (terra natal de Campos), por exemplo."
Ele anotava tudo o que via e registrava todas as entrevistas em fichas, que eram colocadas em seu computador para um futuro cruzamento de dados. Foram feitas 31 fichas sobre os dois eventos.
A necessidade de leitura no jornalismo foi ressaltada por Gaspari. "Apesar de ter lido 'Lanterna na Popa', levei-o comigo a Brasília para uma eventual consulta."
Luís Nassif, colunista da Folha e membro do Conselho Editorial do jornal, falou sobre os tropeços da mídia em "A Dívida do Jornalismo com a CPI dos Precatórios".
"A imprensa cometeu muitas impropriedades técnicas. Julgou operações normais de mercado como tramóia", afirmou.
Nassif sugeriu um "serviço de inteligência" dentro dos jornais para avaliar as informações de casos complicados, como a CPI dos Precatórios. E aconselhou: "Quando for cobrir um caso complexo, tente entender o todo para depois valorizar os pontos mais importantes e não ficar atirando para todos os lados".
"O Público e o Privado: uma Fronteira Problemática" foi o tema abordado por Renato Janine Ribeiro, professor titular de ética e filosofia política na USP.
Ribeiro salientou os dois conceitos de público. Um, mais bem-visto que o privado, que tem caráter egoísta, e outro, não tão positivo, em contraposição a palco. "Enquanto a vida privada é positiva, a pública é um fardo", afirmou.
O ciclo de palestras foi encerrado no dia 13 com "Uma Visão do Jornalismo no Brasil", pelo jornalista Alberto Dines, criador da primeira coluna regular de crítica à mídia, "Jornal dos Jornais", na Folha.
Dines deu uma aula de história do jornalismo no Brasil, do Império até os dias de hoje. A importância de o jornalista conhecer história foi considerada fundamental: "O jornalista que não se considera um pouco historiador não é tão bom profissional assim."

Os selecionados foram: Bruno Ferreira Garcez, Claudio Monteiro de Almeida Angelo, Fabiana Ramos Ferreira de Melo, Leonardo da Cruz Silva, Leonardo Nahoum Pache de Faria, Marcos Lavieri, Marcos Pierry Pereira da Cruz, Paulo Aguiar Cardoso Naves, Pedro Cardillo Moura Neves, Priscila Camargo Ramalho e Rita de Cassia Nazareth

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