São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Paulistano apóia 'rodízio de resultados'

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A aprovação ao rodízio de veículos cresceu entre os paulistanos desde o ano passado, mas ela está longe de ser desinteressada. Atormentado pelos congestionamentos, o morador da capital apóia o rodízio "de resultados", que provoque queda sensível no trânsito.
A esperteza do paulistano vai além: ele quer que o vizinho seja obrigado a deixar o carro em casa, para que possa sair tranquilamente com seu segundo automóvel, com a rua vazia pela frente.
As constatações são baseadas em pesquisa Datafolha feita por telefone com moradores de São Paulo, entre segunda e quarta passadas. Só foram entrevistadas pessoas que têm carro em casa e costumam usá-lo regularmente.
O rodízio começa no dia 23 e pretende tirar da rua 20% da frota a cada dia útil. A operação atinge a capital e outras nove cidades da Grande São Paulo.
A principal novidade deste ano é a inclusão dos caminhões na operação. Mas a pesquisa permite supor que foi a piora do trânsito o principal fator para que a aprovação crescesse desde 96.
Hoje, os paulistanos a favor do rodízio são 71% -índice nove pontos percentuais superior ao do ano passado, apurado em pesquisa feita às vésperas da operação.
Quase todos pretendem respeitar o programa. Somados os que têm certeza e os que talvez respeitem, 98% prometem obedecer à restrição. O índice é superior à expectativa do ano passado (90%) e à obediência média apurada pela Operação Rodízio 96 (95,2%).
O problema é que, para desalento do secretário Fábio Feldmann, que organiza a operação, a população está longe de mostrar a consciência antipoluição desejada. De cada quatro entrevistados, um pretende usar outro carro no dia em que o seu não puder circular.
Não usa automóvel alternativo quem não pode. Entre os entrevistados que têm apenas um carro, 7% disseram que vão usar o automóvel-estepe. No grupo dos que têm dois carros, o índice sobe para 31% e atinge alarmantes 45% para a turma com mais de dois carros na garagem -um sinal claro de que o paulistano está mais interessado em seu conforto do que no combate à poluição.
O grupo dos que tem mais de dois carros em casa é o mais favorável à operação. Pudera: é o único em que a maioria diz não ter sua rotina atrapalhada pelo rodízio. Essa é a opinião de 51% dessas pessoas, contra 46% dos que têm dois carros, e 40% dos com carro único.
Coincidentemente, são os que têm mais de dois carros os que mais vêem os efeitos benéficos do programa no trânsito. O aplauso ao "rodízio de resultados" também transparece pelo elevado percentual que quer a operação o ano todo.

LEIA MAIS sobre o rodízio nas págs. 3-2 e 3-3

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