São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997 |
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Viagem vira teste vocacional
RODRIGO BERTOLOTTO
Dessa forma, os missionários evangélicos enfrentam as dezenas de horas sobre os trilhos. "Aquele que aceita sem frescura esse trem pode evangelizar no meio da África", afirma o missionário Laurindo Jardim, que trocou Goiás pela Bolívia. Na última quinta-feira, 15 missionários brasileiros chegaram de trem para trabalhar na aldeia indígena de Pairpa Pairpa, que fica no Departamento de Cochabamba, região central da Bolívia. "Não acredito que haja televisão por lá. Então, vamos ficar sem ver a seleção jogando. Os índios de lá nem entendem o espanhol, muito menos o português", diz a evangelizadora Maura Regina dos Santos. Os habitantes da região falam o quéchua, de origem inca (civilização que dominou a área do Equador até o norte da Argentina antes da colonização espanhola). Outro missionário, André Gouveia, tinha ainda uma pequena esperança de assistir ao jogo da seleção pelo menos uma vez antes de se internar no meio do altiplano. "Queria ver o Brasil jogando contra o México, mas mais importante é nosso trabalho aqui." Para a missionária Margarida Brandão, há um ano na Bolívia, sua estadia é uma etapa para ir para Guiné Bissau, na África. "Andando de trem aqui, o mais fácil de acontecer é você dormir e acordar com um soldado com uma lanterna na sua cara e com um monte de gente ao lado olhando." A comida durante o caminho do "trem da morte" é garantida pelos vendedores nas estações. Pessoas do campo vendem frangos de suas granjas (já assados) na plataforma por 1 peso boliviano -o que dá R$ 0,20. (RB) LEIA MAIS sobre a Copa América nas págs. 2 a 4 Texto Anterior: Ferrovias estão privatizadas Próximo Texto: Ruindade no futebol é como vírus Índice |
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