São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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1. ELIOT PARA DJUNA

Perto de Guildford, Surrey
2 de dezembro de 1940

Querida Djuna!

Fiquei mais que satisfeito de ter notícias suas.
Depois do começo da guerra, quando muitos canais de comunicação foram cortados e as pessoas desapareciam de vista por períodos mais ou menos longos, fiquei sabendo da sua chegada a Nova York. De outro modo, eu teria ficado a temer circunstâncias terríveis: você presa na Suíça ou nalguma outra parte; ou, então, você caminhando rumo a Lisboa (talvez até lendo o futuro para ganhar uns tostões) etc.
Só não sei por que você está tão segura de ter perdido todas as suas coisas em Londres; a não ser que você tenha ouvido algo sobre a destruição do depósito -se houver alguma coisa que eu possa fazer, por favor me avise.
Mas, apesar do alívio de saber que você chegou a Nova York, não supus por um instante sequer que seus problemas tivessem acabado: acredito que os problemas são parte do seu destino, o que quer dizer que eles estão aí a fim de provê-la, direta ou indiretamente, de material para uma outra obra-prima. E você, de fato, menciona um novo livro no seu post-scriptum; posso até imaginar o estágio atual de 1 milhão de notas; (alguém deveria) lhe dar uma boa sacudida de vez em quando e forçá-la a pôr as idéias no forno.
Meus aposentos em Kensington estão agora desocupados, uma vez que a zeladora foi embora para o Norte. Eu me desespero por não conseguir fazer qualquer coisa de coerente. É difícil quando não se está, como se diz, "vivendo a sua vidinha", sem poder dar um pulo à igreja ou ao bar locais, sem poder conversar com o jornaleiro ou o vendedor de cigarros.
Seja lá como for, não tenho muito como lhe ajudar de tão longe, de modo que termino por aqui, esperando que você torne a escrever para seu fiel admirador.

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