São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Filarmônica de NY leva Gershwin ao Ibirapuera

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se fizer frio, agasalhe-se. Se chover, providencie um guarda-chuva ou até um escafandro. Mas não perca o concerto, hoje -às 11h, no parque Ibirapuera-, da Orquestra Filarmônica de Nova York.
Conjuntos sinfônicos não são equipes que disputam modalidade esportiva. Não dá então para dizer que determinada orquestra é a melhor do mundo.
Mesmo assim, há em todo o mundo algo como 20 orquestras que mantêm há muitas décadas o mesmo padrão de excelência técnica, e que, apesar da pausteurização da cultura, preservam uma personalidade musical própria.
A Filarmônica de Nova York é uma delas. Estará sob a regência de seu diretor musical, Kurt Masur.
A apresentação de hoje ao ar livre é gratuita. Será na praça da Paz, com o patrocínio do Citibank, que em 1987 (há dez anos) trouxe a mesma orquestra, na época dirigida por Zubin Mehta. O concerto reuniu uma multidão então estimada em 100 mil pessoas.
Amanhã e terça-feira, a filarmônica se apresenta no Teatro Municipal. Serão dois concertos da Sociedade de Cultura Artística, com ingressos (ainda disponíveis) entre R$ 35 e R$ 190.
Na quarta, ainda no Municipal, o Citibank promove um concerto reservado apenas a convidados. A filarmônica, que chegou ontem à tarde de Buenos Aires, se apresentará ainda no Rio e concluirá sua turnê na Cidade do México.
O Citibank está gastando US$ 1,5 milhão no patrocínio das etapas brasileiras. Cerca de US$ 250 mil foram investidos em equipamento de amplificação para o concerto de hoje do Ibirapuera.
Haverá 12 torres com caixas de som e, dependendo da posição do ouvinte no gramado do parque, os instrumentos serão ouvidos em alta fidelidade ou então em estéreo.
O maestro Masur -um músico de confessas restrições a apresentações fora de um teatro com boa acústica- disse ter concordado em se apresentar ao ar livre porque em três outras ocasiões teria um contato mais "conveniente" com o público, no Municipal.
Estarão no programa três peças. Duas delas são amplamente conhecidas. Trata-se de "Romeu e Julieta", de Tchaikovski, e "Porgy and Bess", de George Gershwin.
Uma terceira composição, "Impressões Brasileiras", escrita nos anos 20 pelo compositor italiano Ottorino Respighi, é um poema sinfônico com estrutura harmônica que pode soar menos familiar.
Kurt Masur é um dos regentes mais respeitados pelo público e pelos musicólogos. Ele dirige a filarmônica desde 1991.
Entre 1971 e até há quatro meses, exerceu cumulativamente a mesma função na Gewandhaus de Leipzig, que foi (e ainda é, ao lado da Staatskapelle de Dresde), uma das duas grandes orquestras sinfônicas da ex-Alemanha Oriental.
Masur é antes de mais nada um esteta. É capaz de manter a mesma intensidade de som numa sequência de acordes, se for essa a forma mais bela de transmitir seu recado.
Quem se interessa por música erudita deverá se deliciar. O mesmo ocorrerá com quem se interessa bem menos, desde que acredite que a música aos domingos é, afinal, um bom presente para a alma.

Espetáculo: Orquestra Filarmônica de Nova York
Quando: hoje, às 11h
Onde: parque Ibirapuera - praça da Paz (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº)
Quanto: entrada franca

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