São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Sucesso do euro fará Europa superar EUA

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Se o euro nascer robusto e na data prevista, pode significar que estará criada uma moeda mais poderosa até do que o dólar, se se vincular a força de uma moeda apenas ao tamanho e peso da economia que ela representa.
A produção de bens pelos 15 países da UE (União Européia) já é hoje maior do que a norte-americana. Os europeus respondem por 31,2% de tudo o que mundo produz, ao passo que os EUA ficam com uma fatia de 26,6%.
Mas a robustez de uma moeda não depende apenas da força da economia que a emite. Entram outros fatores, dos quais os psicológicos não são desprezíveis.
O que é de todo modo certo é que o euro, se nascer forte e dentro do cronograma previsto, será a primeira moeda a, de fato, lançar um desafio ao dólar, hoje hegemônico como reserva de valor, meio de troca e unidade de contas em todo o planeta.
Fred Bergsten, economista do Instituto para a Economia Internacional, calcula que entre US$ 500 bilhões e US$ 1 trilhão mudarão de refúgio: passarão de papéis ou outros tipos de ativos denominados em dólares para o euro.
Mesmo na hipótese mais conservadora (US$ 500 bilhões), significa uma transferência equivalente a 70% do PIB brasileiro (Produto Interno Bruto, medida da riqueza do país).
Avinash Persaud, analista de moedas da firma de investimentos J. P. Morgan, imagina que o euro triplicará o volume de transações com moedas estrangeiras hoje feitas com as 15 moedas da UE.
Atualmente, calcula Persaud, 10% apenas das transações com moedas envolvem o marco alemão, o franco francês, a libra esterlina britânica ou alguma outra das moedas européias. Com o euro, o volume saltará para 30%.
Mas a Europa ganhará também na produção de bens e serviços.
Quanto, exatamente, ninguém ainda se animou a calcular com exatidão. Mas há um estudo da Comissão Européia, o braço executivo do conglomerado de 15 países, que mostra que até agora o PIB conjunto elevou-se 1,5% acima do que ele seria sem a unificação.
É razoável deduzir que a unificação monetária empurrará ainda mais solidamente a economia.
(CR)

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