São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Cada macaco no seu galho

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Com licença da turma aí de cima, os brilhantes Glauco e Angeli, mas só a caricatura pode explicar a atual orgia partidária.
O PSDB é a Amélia, aquela que apanha, apanha, mas que jeito?
Os ortodoxos do PT não pouparam nem sequer o mito Lula. Os heterodoxos acham que é um pouco demais. Já se fala até em divórcio.
O PPB escancarou o adultério. Mantém as juras de amor eterno a Maluf, mas saboreando a perspectiva de mais cinco anos (incluindo 98) com FHC.
Teúda e manteúda, o PTB só perdeu com o fim do casamento do senador Andrade Vieira com o Bamerindus. A fonte secou.
O PSB ainda é só uma promessa. O PDT, ao contrário, é viúva de marido vivo, Leonel Brizola.
O PFL, típica dona-de-casa que sabe manter o poder e a pose, é uma exceção. ACM tem lá suas rusgas com Marco Maciel, Bornhausen e José Jorge, mas os vizinhos não escutam um ai.
E o PMDB? Bem, é a casa da mãe Joana, onde cada um faz o que quer.
Quando se fala em crise, indefinição, imobilismo, leia-se falta de partidos. Às vezes pode ser cômodo para o Planalto, mas a longo prazo é inevitavelmente uma fria. Requer negociações com os parlamentares, um a um e a cada votação no Congresso.
Além disso, o troca-troca às vésperas das eleições vira uma verdadeira orgia. É só conferir o que vai ocorrer daqui a outubro -prazo de filiação dos candidatos de 98.
É por essas e outras que Pedro Simon, o senador da moda, incluiu um dispositivo na sua emenda pioneira da revisão constitucional de 99, para permitir a livre mudança de partidos nos seis meses seguintes aos trabalhos.
Não haveria exigências, prazos legais, a lengalenga de sempre. Cada um se acomodaria no partido que lhe dissesse respeito. Depois, fim de papo e das facilidades para pular de galho em galho.
O movimento pró-revisão em 99 começa a ganhar fôlego. Que se discuta também a questão partidária. O processo político e o eleitor agradecem desde já, penhoradamente.

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