São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 1997 |
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Brasil despreza 'falta de ar' na Bolívia ALEXANDRE GIMENEZ ALEXANDRE GIMENEZ; ARNALDO RIBEIRO; RODRIGO BERTOLOTTO
Mesmo sabendo que a tabela da Copa América foi dirigida para o Brasil enfrentar a Bolívia na final do torneio, a comissão técnica da seleção brasileira desprezou qualquer possibilidade de fazer uma aclimatação dos jogadores à altitude. Se a decisão for entre Brasil e Bolívia, a partida será disputada na cidade de La Paz, 3.660 metros acima do nível do mar. Mas a comissão técnica brasileira considera essa hipótese remota. A seleção está disputando a primeira fase da Copa América em Santa Cruz de la Sierra, que fica apenas a 416 metros acima do nível do mar. Se a Bolívia não se classificar, a final será em Santa Cruz. "Não tivemos tempo para fazer uma adaptação adequada. Se a final for contra a Bolívia, vamos com a cara e a coragem", disse o técnico Zagallo. Na última vez que enfrentou os bolivianos, em La Paz, em 1993, o Brasil perdeu por 2 a 0, única derrota da seleção em eliminatórias. Cada atleta tem uma sensibilidade distinta à altitude. Mas, com menor quantidade de oxigênio no ar devido à altura, ele armazena menos energia e cansa mais rápido. Diminui seu rendimento e pode sentir mal-estar e tonturas. Outras seleções, como Argentina e Peru, se preocuparam com o problema da altitude boliviana. O time do Peru se preparou durante dez dias nas cidades mais altas do país. Os argentinos chegaram a Cochabamba (2.570 m acima do mar e sede do time na Copa América) sete dias antes da estréia. Mesmo assim, as equipes têm sentido os efeitos da altitude nos jogos. Segundo o Grupo de Medicina e Ciências Aplicadas ao Esporte, de Lima (Peru), em jogos em cidades com mais de 2.000 metros acima do nível do mar, a aclimatação ideal é de 21 dias. "A altitude de Sucre (2.700 m acima do mar) não tem permitido que nossa seleção imprima o ritmo que gostaríamos", disse o técnico do Uruguai, Juan Ahuntchain. Conformismo "Não somos favoritos ao título da Copa América porque não fizemos uma preparação especial para o torneio", afirma o preparador físico do Brasil, Luiz Carlos Prima. A CBF desprezou o plano de abrigar a seleção em La Paz e descer para Santa Cruz a cada jogo. "Assim, o time sentiria muito menos a altitude na decisão", disse Moraci Sant'Anna, preparador físico do São Paulo. A altitude influencia tanto no futebol boliviano que, desde 91, nenhum dos seis times de Santa Cruz vence o campeonato nacional. Colaborou RODRIGO BERTOLOTTO LEIA MAIS sobre a Copa América à pág. 3-11 Próximo Texto: Equador joga pelo 1º lugar contra o Chile Índice |
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