São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bisneto de Charles Miller vê 'marmelada'

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Rafael Rudge Miller, bisneto de Charles Miller, disse que seu bisavô estivesse vivo ficaria chocado em ver no que se transformou o futebol brasileiro.
"Não existe mais futebol. Existe política e dinheiro, ganância e muita marmelada", afirmou Rafael Miller, 16.
O inglês Charles Miller foi quem introduziu o futebol do Brasil. Sua neta, Maria Ignez Miller, é mãe de Rafael. Ele disse que quando seu bisavô importou o futebol da Inglaterra pensou num esporte honesto para divertir o público.
"Não foi esse futebol de cartola, idealizado pelo meu bisavô. É uma situação lamentável", afirmou.
Rafael torce pelo Atlético-PR e está inconsolável com a possibilidade de seu time não disputar o Campeonato Brasileiro.
"Essa punição foi injusta porque deveria ser estendida aos demais times envolvidos, aos dirigentes e à CBF", afirmou.
O Atlético-PR foi suspenso por 360 dias pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBF devido ao envolvimento no escândalo envolvendo o então presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Ivens Mendes.
A acusação era de que o presidente do Atlético-PR, Mario Petraglia, daria ajuda financeira a Mendes em troca de favorecimentos da arbitragem nas partidas.
Segundo Rafael, a punição deveria ficar restrita aos dirigentes, caso ficasse provada a culpa.
"Os jogadores entraram em campo para jogar. Ninguém ganhou dinheiro desonestamente."
Ele afirmou que o Corinthians não foi punido devido a tradição que o clube tem e que o Fluminense deve voltar à primeira divisão "por questões políticas". "Por direito, quem merece subir é o Náutico (3º lugar na Série B em 96)."
Rafael nasceu em Curitiba e foi ala direita de futebol de salão. "Pensei em ser jogador profissional. Esse é o sonho de toda criança, mas desisti." Ele cursa a 2ª série do segundo grau e pratica capoeira.
Louro, de olhos azuis e com 1,82 m de altura, Rafael ainda crê que o futebol volte a ser o que era. "Aposto nisso porque tem gente boa como o Ronaldinho, o Ricardo Pinto, o Ronaldo e o Zagallo, um técnico que vive futebol 24 horas por dia", afirmou.
(MS)

Texto Anterior: Torcedor faz greve de fome e pede CPI
Próximo Texto: Pedrada em bandeirinha faz equipe perder mando de jogo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.